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Veto ‘ideológico’ de Lula a negócios com Israel atinge empresas com atuação no Brasil

Grupo israelense que ganhou licitação do Exército tem duas subsidiárias no país

Por Hugo Marques Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 19 out 2024, 18h49
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  • O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, participam da cerimônia do Dia do Exército, no Quartel-General do Exército, em Brasília, ao lado dos comandantes das Forças Armadas
    O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, participam da cerimônia do Dia do Exército, no Quartel-General do Exército, em Brasília, ao lado dos comandantes das Forças Armadas -  (Ricardo Stuckert/PR)

    A empresa privada israelense Elbit Systems ganhou em abril uma licitação internacional para vender 36 veículos blindados de combate ao Exército Brasileiro, com potencial de atingir 1 bilhão de reais. Ganhou porque apresentou produtos mais baratos e com mais tecnologia. O negócio foi vetado pelo governo Lula por questões ideológicas. O presidente apoia a Palestina na guerra com Israel, que declarou Lula persona non grata por comparar os ataques de suas forças militares na Faixa de Gaza a ‘genocídio’ e ao holocausto.

    No último dia 8, o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, criticou a opção do governo de derrubar o negócio por razões ideológicas. “Houve agora uma concorrência, uma licitação, venceram os judeus, o povo de Israel. Mas por questões da guerra, do Hamas, os grupos políticos, não estamos com essa licitação pronta, nós não podemos aprovar”, afirmou Múcio. O ministro reclamou de outro impedimento ideológico do governo Lula, que no ano passado vetou o fornecimento de munição à Alemanha, que pretendia enviar para a Ucrânia, que trava uma guerra contra a invasão da Rússia. Lula mantém boas relações com o mandatário russo, Vladimir Putin.

    O veto por questões ideológicas tem reflexos na política de Defesa Nacional e na própria economia. A Elbit Systems tem duas subsidiárias no Brasil, que empregam mais de 600 pessoas. Juntas, a matriz e as filiais venderam juntas mais de 1 bilhão de reais em equipamentos de defesa para o governo brasileiro, desde a gestão de Dilma Rousseff, incluindo peças e equipamentos para o projeto dos caças supersônicos, o de aviões de carga e os super tucanos.

    Grupo vê cancelamento da licitação como ‘situação delicada’

    As empresas do grupo ainda não decidiram se vão recorrer ao Judiciário para questionar a decisão do governo Lula. “É uma situação delicada, estamos surpresos com essa decisão do governo, estamos acompanhando, mas não temos nenhuma posição ainda”, afirmou um interlocutor do grupo no Brasil, que pediu anonimato. VEJA enviou perguntas diretamente à Elbit Systems em Israel sobre medidas que deverá adotar, mas a sede do grupo ainda não respondeu.

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    Além da questão ideológica que pode afetar os projetos nacionais de defesa, o governo Lula poderá enfrentar novas batalhas por suspeitas antigas de corrupção. Em 2016, o Ministério Público Federal denunciou Lula no âmbito da Operação Zelotes, sob a acusação de participação em um esquema de tráfico de influência, lavagem de dinheiro e organização criminosa na compra dos caças supersônicos Gripen da Saab. Os procuradores sustentaram que Lula teria participado do esquema entre 2013 e 2015. O caso foi suspenso em 2022 por decisão do então ministro do Supremo Ricardo Lewandowski, atual ministro da Justiça de Lula.

    No último dia 10, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos solicitou informações à Saab North America, filial da sueca Saab, sobre a aquisição de 36 caças Gripen pelo Brasil. O pedido de investigação do negócio atende aos interesses comerciais da norte-americana Boeing, que perdeu a licitação no Brasil com seu caça F-18 Super Hornet. A Saab teve de tornar pública a notificação, com base no Regulamento de Abuso de Mercado da União Europeia, que a visa proteger os investidores de práticas de mercado consideradas abusivas.

    VEJA pediu ao Departamento de Justiça dos EUA detalhes sobre a investigação em torno do contrato do Brasil com a Saab e questionou se há suspeita de cobrança de suborno e ainda se o resultado da investigação nos EUA poderia inviabilizar o negócio dos caças. O Departamento de Justiça respondeu que não vai comentar o assunto “neste momento”.

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