Os investigadores responsáveis pela operação que culminou na morte de dez suspeitos de assalto a uma casa no Morumbi, bairro nobre de São Paulo, disseram que o bando era um dos mais atuantes na região. Para o delegado Ítalo Zaccaro Neto, titular da 2ª Delegacia de Polícia de Investigações sobre Crimes Patrimoniais de Intervenção Estratégica, o número de assaltos a residências no Morumbi agora diminuirá drasticamente. “Não posso dizer que vai zerar, mas vai diminuir bastante, porque esse era um dos principais grupos atuantes na região.”
As autoridades afirmaram, porém, que existe a possibilidade de que outros membros da quadrilha tenham fugido. O bando pode ter usado olheiros para monitorar as ruas da região enquanto praticava o crime em uma mansão. Neto disse que um carro suspeito foi visto no entorno da área em que aconteceu o tiroteio. O automóvel, modelo Corsa Sedan, estava estacionado com as luzes acesas em uma rua escura e deserta pouco antes do confronto com os suspeitos. O veículo desapareceu após o término da operação policial.
“Vimos um carro estranho enquanto passávamos”, disse o delegado. Neto afirmou que o fato de os suspeitos terem notado a movimentação dos policiais e abandonado a casa sem concluir o roubo corrobora a tese. Ele declarou, no entanto, que não há indícios de que algum criminoso que participou efetivamente do assalto tenha conseguido fugir.
Neto afirmou que o grupo também tinha acesso a informações privilegiadas para efetuar os roubos, como a hora em que as casas estavam vazias. Ele não sabe precisar quem estava passando os dados para os criminosos.
O líder do bando era Mizael Pereira Bastos, o Sassá, conhecido como um especialista de roubos a residências. Os demais eram pessoas que tinham acesso a armamentos pesados e orbitavam em torno do criminoso.
Os suspeitos já eram conhecidos das autoridades porque vinham migrando do roubo a caixas eletrônicos e bancos para o assalto a residências de alto padrão. Em um ano, Sassá participou de ao menos vinte roubos a casas.
A operação
O setor de inteligência do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) já tinha informações de que um roubo poderia ocorrer na região do Morumbi naquele domingo, mas não sabia precisar nem o local nem o horário. Policiais estavam fazendo uma ronda pela região durante o dia para tentar localizar os veículos dos suspeitos, que eram conhecido das autoridades.
Os suspeitos foram avistados por quatro policiais antes de invadirem a casa. O contingente foi até um posto de gasolina e pediu reforço ao Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos (Garra). As viaturas levaram entre dez a quinze minutos para chegar ao local, o que possibilitou a entrada dos suspeitos na casa.
Quatro homens efetuavam o roubo, enquanto outros seis ficaram postados em frente à casa para responder a qualquer ação policial. A troca de tiros durou aproximadamente vinte minutos. Nenhum policial ficou ferido com gravidade na operação.
Críticas
O delegado respondeu às críticas de que teria havido abusos por parte da polícia durante a operação. Neto afirmou que já havia uma predisposição dos suspeitos para entrar em confronto com os policiais. “Eles foram roubar uma residência e todos estavam vestindo coletes à prova de bala. Não foram por bem, foram por mal. E a polícia que se dane.”
“É muito agradável quando você emite uma opinião sentado atrás de uma mesa, com o ar-condicionado. A dinâmica é muito diferente do que ver uma foto”, disse Neto. “Com esse armamento [dos bandidos], temos uma dinâmica quase de guerra. Minha função é aceitar críticas e tentar fazer o melhor para a população.”
Oito suspeitos foram mortos no entorno dos dois carros que usavam para cometer os crimes. Outros dois morreram enquanto fugiam a pé. A polícia acredita que eles já haviam sido baleados e não resistiram aos ferimentos. Os corpos foram estendidos no meio da rua por bombeiros e socorristas, que tentaram reanimar alguns suspeitos que ainda apresentavam sinais vitais.