Enquanto Carlos Bolsonaro usa as redes sociais para mostrar poder, outra herdeira da família faz justamente o contrário. Letícia Firmo, filha da primeira-dama Michelle Bolsonaro, publica em seus perfis detalhes típicos da rotina de uma adolescente de 16 anos: a hora em que acorda, a escola que frequenta, os amigos mais próximos, as futuras viagens e os hobbies favoritos. O problema é que, ao tentar levar uma vida normal, a enteada do presidente da República expõe mais do que acham conveniente os integrantes do esquema de segurança reservado à primeira-família. Letícia frequenta uma escola particular em uma região nobre de Brasília. Tenta levar uma rotina normal, mas não é fácil. As aulas começaram há duas semanas e o colégio inteiro já sabe que a enteada do presidente estuda ali, o que fica ainda mais evidente diante da presença dos seguranças.
Os agentes, orientados a ser o mais discretos possível, vigiam o pátio, a entrada e a saída do colégio. Nos primeiros dias de aula, a presença ostensiva dos seguranças chamou a atenção dos demais alunos. Em uma roda de conversas, um grupo de estudantes fazia chacota com a tentativa dos agentes de não ser notados — missão que claramente falhou.
Letícia compartilha em seu Twitter um aplicativo de perguntas e respostas. O sistema permite, inclusive, que não seja identificada a origem dos questionamentos. Para desespero da equipe de segurança, após ser instada por seguidores desconhecidos, ela revelou o nome da escola e o ano em que estuda, e já escreveu que morava no Palácio da Alvorada. Perguntaram como era essa experiência. “É normal, não é outro mundo não”, afirmou. A menina já teve a prudência de se recusar a responder a perguntas inconvenientes, como se a mãe está feliz no casamento.
No mundo das redes sociais, é fácil identificar a enteada do homem mais poderoso da República, os seus hábitos e a sua rotina. Por outro lado, é quase impossível controlar quem está observando o passo a passo da família presidencial. A fixação juvenil pelo telefone rendeu problemas a Letícia logo na sua estreia no colégio: “Já saí de sala no primeiro dia de aula. Perfeito”, contou ela nas redes. Depois, explicou os motivos a uma amiga: “Culpa do celular, filha”. Um outro amigo não se surpreendeu: “Essa é a Let que eu conheço”.
Publicado em VEJA de 20 de fevereiro de 2019, edição nº 2622