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Um dos maiores traficantes de arma do país é solto com alvará falso no Rio

Enteado do "Senhor das Armas" saiu pela porta da frente do presídio apresentando documento fraudado; Ministério Público e Polícia Federal investigam o caso

Por Marina Lang Atualizado em 25 mar 2021, 21h11 - Publicado em 10 fev 2021, 18h46
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  • Condenado a 27 anos de prisão pela Justiça ao ser apontado como um dos maiores traficantes de armas do país e do mundo, João Filipe Barbieri, 31 anos, saiu tranquilamente pela porta da frente da Penitenciária Lemos Brito, dentro do Complexo Penitenciário de Gericinó, mais conhecido como Bangu 7 (Zona Norte do Rio), no dia 18 de novembro de 2020. Seria uma situação comum caso ele tivesse cumprido a íntegra da sentença que lhe foi imposta, mas o Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2) descobriu, nesta terça-feira, 9, que ele fraudou o documento de soltura, que teria sido emitido pela 8ª Vara Criminal Federal do Rio.

    Barbieri estava preso desde 2017 e é enteado de Frederick Barbieri, o “Senhor das Armas”, que foi preso nos Estados Unidos por tráfico internacional de fuzis e munições. Segundo as investigações do Ministério Público Federal (MPF) do Rio, entre 2014 e 2017, Frederick e João Filipe fizeram 75 importações de armamentos sem obedecer às exigências legais. As declarações de importação informavam que os produtos enviados eram aquecedores e bombas d’água para piscinas. No entanto, eles usavam apenas a carcaça dos produtos para esconder armas de fogo, acessórios e munições de uso restrito.

    Frederik Barbieri, brasileiro radicado nos Estados Unidos, foi preso no estado americano da Flórida
    Frederik Barbieri, brasileiro radicado nos Estados Unidos, foi preso no estado americano da Flórida (TV Globo/Reprodução)

    De acordo com as estimativas do MPF, nesses quatro anos, os condenados introduziram no Brasil cerca de 297 mil munições e cerca de 1.043 fuzis com carregadores. As armas eram compradas por valores entre 2 500 dólares e 3 500 dólares nos EUA e revendidas entre 37 500 reais e 53 000 reais no Brasil. Frederick, que tem dupla nacionalidade, enviava as cargas para o Rio de Miami. João Filipe, por sua vez, era o chefe da quadrilha no Brasil e o responsável direto pela distribuição do arsenal entre as facções criminosas que atuam no estado.

    Além deles, a mulher de Frederick e outros 13 réus foram denunciados pelos crimes de organização criminosa, tráfico internacional e comércio ilegal de armas de fogo, munições e acessórios de uso restrito. 

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    Um dos condenados pela Justiça Federal no âmbito desta mesma denúncia valeu-se do mesmo recurso para deixar o Instituto Penal Vicente Piragibe, também no Complexo de Gericinó, um mês antes, no dia 9 de outubro de 2020:  João Victor Silva Roza usou o alvará de soltura fraudado, que também teria sido supostamente expedido pela 8ª Vara Criminal Federal do Rio.

    Em nota, a Secretaria do Estado de Administração Penitenciária (Seap), que administra as prisões fluminenses, admitiu a soltura dos dois e disse que abriu uma investigação para apurar a situação da libertação dos dois mediante documentos fraudados. “ A secretaria estabeleceu um novo protocolo de dupla checagem de documentos eletrônicos, com objetivo de evitar  fraudes, relacionadas ao envio de comunicações judiciais falsa”, diz o comunicado. 

    A trama surrealista foi descoberta por meio da defesa de um dos acusados, ainda preso, que se manifestou nos autos do processo na 2ª instância – o TRF-2 – informando que Barbieri e Roza estariam soltos por meio dos documentos.  

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    Em ofício expedido nesta terça-feira, 9, A 8ª Vara Criminal Federal negou que tivesse emitido os alvarás e indicou o documento do qual as fraudes teriam sido feitas. 

    O desembargador Marcello Granado, que é relator do processo no TRF-2, expediu mandados de prisão contra os dois condenados. Eles estão foragidos da Justiça. O magistrado determinou também que o MPF e a Polícia Federal investiguem a fraude dos documentos, assim como a soltura dos condenados. Procuradas, as defesas de ambos não foram localizadas para comentar a fraude dos documentos. 

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