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Traficante Nem da Rocinha é preso na Zona Sul do Rio

Bandido que controlava favela com crueldade e desafiava o estado foi preso quando tentava fugir, escondido no porta-malas do carro de um de seus advogados, que tentou corromper PMs com 30 mil reais

Por Da Redação
9 nov 2011, 23h34

O traficante Antonio Francisco Bonfim Lopes, o Nem da Rocinha, foi preso no início da madrugada desta quinta-feira. Depois de anos no comando do tráfico da maior favela da zona sul do Rio, onde impunha suas próprias leis, corrompia policiais, torturava e assassinava inimigos, o criminoso foi capturado como um rato, escondido no porta-malas do carro de um de seus advogados, na Lagoa, por onde tentava fugir. O bandido foi levado para a sede da Polícia Federal (PF), na zona portuária do Rio.

A prisão foi feita por policiais militares do Batalhão de Choque (BPchoque), e teve momentos de sorte – desta vez, para os policiais. Os PMs abordaram na Gávea, bairro próximo à Rocinha, um Toyota Corolla preto, que consideraram suspeito. Apesar da ordem dos policiais, o motorista, advogado de Nem, recusou-se a abrir o porta-malas para que o veículo fosse revistado. Ele alegava ser “cônsul”, e dizia que só permitiria a vistoria no veículo em uma delegacia.

Os policiais, então, escoltaram o Corolla. No caminho para a delegacia, o motorista afirmou aos policiais que tinha, em mãos, 30 mil reais para oferecer aos policiais, para que eles não abrissem o porta-malas. Os PMs insistiram e encontraram, no compartimento de bagagens, o bandido mais procurado o Rio.

Nem estava muito diferente da foto mais conhecida dele, que por anos foi utilizada pela polícia em cartazes que ofereciam recompensa por informações que levassem ao bandido.

A prisão de Nem põe fim a uma era marcada pelo poder paralelo na Rocinha. E ocorre às vésperas de uma grande operação policial que pretende ocupar a Rocinha para criar, na última favela da zona sul ainda controlada pelo tráfico de drogas, uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP).

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Vitória de Beltrame – A prisão de Nem dá nova força à política de segurança do governador Sérgio Cabral. E, especialmente, fortalece o secretário de segurança José Mariano Beltrame, que idealizou as UPPs e avisava que nem o Alemão nem a Rocinha resistiriam quando chegasse a hora da ocupação. As UPPs, recentemente, passaram por abalos. O maior deles foi a prisão de um comandante e seus subordinados, na unidade do Fallet-Fogueteiro, na região central do Rio, acusados de receber uma mesada de traficantes da área.

Nem tentou, até o último minuto, recorrer ao mecanismo que o manteve no topo da estrutura da facção criminosa Amigos dos Amigos (ADA): a corrupção policial. Certamente para escapar da Rocinha, e para circular livremente pela zona sul, como fez tantas vezes, ele se valeu do pagamento de propina aos policiais. Na madrugada desta quarta-feira, no entanto, o desfecho foi diferente.

Horas antes, no fim da tarde de quarta-feira, ficou provado o que era uma espécie de lenda do Rio de Janeiro, mas que existia apenas na convicção das autoridades de segurança e nas conversas de pessoas próximas da Rocinha: Nem tinha, a seu serviço, policiais militares e civis. Uma equipe da Polícia Federal prendeu quatro policiais e um ex-PM que escoltavam cinco traficantes em fuga da favela da Rocinha. Entre os bandidos presos, estava Anderson Rosa Mendonça, o Coelho, chefe do tráfico no morro de São Carlos, e Sandro Luiz de Paula Amorim, conhecido como Peixe. Todos são comparsas de Nem, e tentavam escapar em um ‘bonde’, um comboio de quatro carros com armas.

A secretaria de Segurança confirmou, em nota, que informações recolhidas ao longo do dia pela área de inteligência sugeriam o envolvimento de policiais civis e militares num plano de fuga dos bandidos da Rocinha. Através do Disque-Denúncia, informações do mesmo teor chegaram à corregedoria da Polícia Civil.

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Os demais presos na operação são: Paulo Roberto Lima da Luz, conhecido como “Paulinho”; Varquia Garcia dos Santos, conhecido como “Carré”; Sandro Oliveira; Carlos Daniel Ferreira Dias, policial civil lotado na secretaria de Saúde Pública; Carlos Renato Rodrigues Tenório e Wagner de Souza Neves, policiais civis lotados na Delegacia de Roubo e Furtos de Cargas (DRFC); José Faustino Silva, PM reformado; e Flávio Melo dos Santos, ex-PM.

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