O narcotraficante brasileiro Marcelo Pinheiro Veiga, o Marcelo Piloto, que estava preso em Assunção, no Paraguai, foi expulso do país nesta segunda-feira (19). No sábado, ele esfaqueou 17 vezes na cela em que estava uma jovem, de 18 anos, que foi visitá-lo. Autoridades paraguaias acreditam que ele cometeu o crime na tentativa de evitar a extradição para o Brasil.
O presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, deu a notícia da expulsão do traficante pelo Twitter. “Decidi expulsar Marcelo Pinheiro, vulgo “Pilot” do Paraguai. O nosso país não é uma terra de impunidade para ninguém”, escreveu o líder.
No domingo (18), o presidente anunciou ainda a troca do comando da Polícia Nacional após o narcotraficante ter matado a mulher dentro da prisão. A decisão foi anunciada depois de uma reunião do Conselho de Segurança convocada por Benítez.
A Justiça do Rio condenou Piloto a uma pena de 26 anos de prisão. No Paraguai, ele está preso desde 2017 por homicídio e falsificação de documentos. Chegou a ser aberto ainda um processo para sua extradição, atendendo a pedido da justiça brasileira.
Crime
Conforme a imprensa paraguaia, o brasileiro usou uma faca de sobremesa para golpear seguidamente a jovem Lidia Meza Burgos, de 18 anos, que fora visitá-lo no sábado. A vítima é da cidade de General Resquín, no departamento de San Pedro. O assassinato da mulher foi confirmado pelo chefe do grupamento, Germán Real Medina.
Após ouvir gritos, os agentes foram ao local e encontraram a mulher ensanguentada. A vítima chegou a ser levada para um hospital em Assunção, mas não resistiu. O corpo passou por perícia e foi levado ao necrotério oficial.
De acordo com a imprensa paraguaia, o assassinato seria uma “estratégia macabra e desesperada” do narcotraficante para barrar sua extradição para o Brasil, já que todas os recursos judiciais foram esgotados sem sucesso.
Na sexta-feira, 16, a Justiça havia negado pedido da noiva de Piloto, Marisa de Souza Penna, também reclusa em estabelecimento penal, que pretendia casar-se com ele na prisão. O casamento com uma paraguaia poderia dificultar a extradição.
Antes, Piloto havia dado uma entrevista denunciando o pagamento de propinas a autoridades policiais paraguaias em troca de proteção. A advogada dele, a argentina Laura Marcela Casuso, que organizou a coletiva, foi assassinada a tiros no dia 12 de novembro em Pedro Juan Caballero, na fronteira com o Brasil.
As autoridades paraguaias também divulgaram neste mês um vídeo em que uma facção criminosa a qual Piloto é ligado ameaça matar a procuradora-geral do Paraguai, Sandra Quiñonez, em represália à ação dela pela extradição. Se confirmada a autoria do assassinato, ele terá de responder ao inquérito, dificultando a extradição.
(com Estadão Conteúdo e Agência Brasil)