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Temer libera R$ 1 bilhão em emendas após delação da JBS

Pagamentos já estavam previstos antes de as revelações virem à tona, mas a liberação coincidiu com o agravamento da crise política

Por Da redação
Atualizado em 4 jun 2024, 21h14 - Publicado em 16 jun 2017, 09h58
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  • Desde que a delação da JBS veio à tona em 17 de maio, o governo do presidente Michel Temer (PMDB) liberou quase 1 bilhão de reais em emendas parlamentares, a maior parte para a sua base aliada no Congresso. O repasse desse volume de recursos a deputados e senadores já estava previsto, mas a sua liberação coincidiu com o agravamento da crise política após as revelações dos irmãos Joesley Batista e Wesley Batista, donos do frigorífico.

    Para arregimentar apoio à reforma da Previdência, projeto considerado crucial pelo Planalto, a Secretaria de Governo da Presidência, responsável pela articulação com o Congresso, já tinha pedido a antecipação do pagamento de 1,8 bilhão de reais em emendas parlamentares para conseguir reverter o placar desfavorável ao projeto na Câmara. A previsão era de desembolso de 1 bilhão de reais em abril e 800 milhões de reais em maio.

    Levantamento feito por consultores do Orçamento no Congresso mostra, porém, que a liberação de verbas de emendas ocorreu, de fato, no período posterior à delação premiada dos executivos da JBS.

    Com base no acordo de colaboração firmado com a Procuradoria-Geral da República (PGR), o Temer passou a ser investigado em inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) pelos crimes de corrupção passiva, obstrução de Justiça e organização criminosa. A PGR se prepara para apresentar uma denúncia contra o presidente. O STF só poderá julgar a acusação formal caso obtenha uma autorização de dois terços da Câmara, ou 342 deputados.

    Segundo o ministro da Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy, uma nova rodada de pagamentos será feita até o fim do mês. No ano, estão previstos 6,3 bilhões de reais no Orçamento para emendas parlamentares. Para o Planalto, a preservação da base de apoio no Congresso e a manutenção da agenda de reformas são fundamentais para que a gestão Temer supere a sua mais aguda crise.

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    Imbassahy negou que o aumento dos repasses tenha relação com a delação dos empresários da JBS. “Não tem nenhuma orientação para pagar nem mais nem menos”, disse. De acordo com ele, a liberação de recursos está seguindo “uma sequência normal”. “As emendas são impositivas e, portanto, com execução obrigatória. À medida que os ministérios informam para a secretaria que um projeto já foi fiscalizado, estamos liberando o pagamento, dentro do limite orçamentário.”

    O levantamento foi feito com base no Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (Siafi). Entre 17 de maio e 13 de junho foram liberados 486,4 milhões de reais em restos a pagar (valores de outros anos) e mais 467,5 milhões de reais empenhados (compromissos de pagamentos), somando um total de 953,6 milhões de reais em recursos para deputados e senadores em quase um mês, metade do que foi autorizado desde o início deste ano. Neste último mês, 94% das emendas parlamentares foram empenhadas e um terço das emendas que tinham sido autorizadas em exercícios anteriores foi quitado.

    Segundo os consultores do Congresso, a liberação de recursos deve se intensificar nas próximas semanas. Cada parlamentar pode apresentar até 25 emendas. O pagamento desses valores é visto como moeda de troca entre o Planalto e o Legislativo, e costuma ser usado pelo Executivo para garantir apoio no Congresso. O dinheiro é o principal recurso destinado aos parlamentares para que eles possam viabilizar obras e benfeitorias em seus redutos eleitorais.

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    Impeachment 

    No ano passado, a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) usou o mesmo artifício para tentar barrar o impeachment no Congresso. Somente nos primeiros dias de maio, ela empenhou 1,4 bilhão de reais em emendas para deputados e senadores, quase a totalidade do que havia liberado no acumulado de 2016 até maio. O afastamento de Dilma, porém, foi aprovado pelos senadores em 12 de maio. Ao assumir a Presidência, Temer continuou com o ritmo acelerado de liberação de verbas e empenhou outros 2,4 bilhões de reais no restante de maio.

    A maior parte dos recursos liberados até agora tem como foco deputados e senadores da base do governo. Os dez parlamentares que encabeçam o ranking das emendas empenhadas são do DEM, PMDB, PP e PR, todos partidos aliados de Temer. O deputado que recebeu o maior valor foi Marco Rogério (DEM-RO), cotado a relator da provável denúncia contra o peemedebista e relator do pedido de cassação de Eduardo Cunha (PMDB-RJ). 

    (Com Estadão Conteúdo) 

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