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Temer ‘abençoou’ reunião que sacramentou propina para o PMDB

Reunião revelada por VEJA entre cúpula do partido e executivos da Odebrecht terminou com um acerto de 40 milhões de dóalres em propina

Por Daniel Pereira, Felipe Frazão, Hugo Marques, Marcela Mattos, Renato Onofre, Robson Bonin, Rodrigo Rangel, Thiago Bronzatto
Atualizado em 13 abr 2017, 10h51 - Publicado em 12 abr 2017, 20h32
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  • Em delação premiada, o ex-executivo da Odebrecht Rogério Araújo afirmou que o presidente Michel Temer participou de uma reunião que “abençoou” o pagamento de propina da Odebrecht para o PMDB. A história foi revelada por VEJA em dezembro do ano passado. O operador João Augusto Henriques e o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) pediram 4% de propina da construtora de um projeto da Diretoria Internacional da Petrobras, controlada pelo partido. No total, foram pagos 40 milhões de dólares em propina. Os valores altos causaram espanto na Odebrecht, que exigiu a presença da cúpula do partido como garantia.

    A exigência foi aceita, e Cunha e Henriques marcaram um encontro com Rogério Araújo e  ex-diretor da construtora Marcio Faria no dia 14 de julho de 2010, em uma casa na Praça Pan-americana, em São Paulo. De acordo com Araújo, chegando lá eles foram encaminhados para a sala de reunião e encontraram o então vice-presidente Michel Temer, então presidente do PMDB, sentado na cabeceira da mesa. Além de Temer e Cunha, participou da reunião o ex-ministro Henrique Eduardo Alves.

    De acordo com Araújo, a reunião foi comandada por Cunha, que em nenhum momento citou o pagamento de propina. Segundo ele, o ex-presidente da Câmara falou que estava acompanhando de perto a licitação do projeto PAC-SMS e que a Odebrecht estava bem posicionada. E que gostaria de contar com o apoio da empresa ao PMDB.

    Marcio Araújo afirmou que entendeu o recado de Cunha e afirmou que a empresa assumiria todos os compromissos assumidos, ou seja, o pagamento de 4% de propina para o partido. De acordo com o delator, Temer assentiu falando que ficava feliz e que a Odebrecht era uma grande empresa preparada para trabalhar no exterior. “Fica subentendido que a cúpula estava abençoando o projeto”, afirmou Rogério Araújo em depoimento à força-tarefa da Lava-Jato.

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    As investigações contra Temer foram suspensas pelo ministro Edson Fachin já que presidente da República não pode ser investigado por fatos anteriores ao exercício do mandato. Na mesma obra, serão investigados o senador Humberto Costa (PT-PE) e o ex-senador Delcídio do Amaral (ex-PT) que dividiram 1% da propina que cabia do PT no esquema.

    A Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República emitiu nota sobre as declarações do delator. Confira na íntegra:

    O presidente Michel Temer jamais tratou de valores com o senhor Márcio Faria. A narrativa divulgada hoje não corresponde aos fatos e está baseada em uma mentira absoluta. Nunca aconteceu encontro em que estivesse presente o ex-presidente da Câmara, Henrique Alves, com tais participantes.

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    O que realmente ocorreu foi que, em 2010, na cidade de São Paulo, Faria foi levado ao presidente pelo então deputado Eduardo Cunha. A conversa, rápida e superficial, não versou sobre valores ou contratos na Petrobras. E isso já foi esclarecido anteriormente, quando da divulgação dessa suposta reunião.

    O presidente contesta de forma categórica qualquer envolvimento de seu nome em negócios escusos. Nunca atuou em defesa de interesses particulares na Petrobras, nem defendeu pagamento de valores indevidos a terceiros.

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