Dois líderes do PSDB – o presidente interino, Tasso Jereissati, e o presidente licenciado, Aécio Neves -, que têm visões diferentes sobre a participação no governo Michel Temer (PMDB), se encontraram com o presidente nos últimos dias e deram basicamente o mesmo recado: se o peemedebista quiser, pode tirar os cargos que o partido tem na gestão.
Na sexta-feira, Tasso afirmou a Temer que os tucanos não vão ceder “nenhum milímetro” em sua posição de “independência” do governo por causa de cargos. O partido controla quatro ministérios (Cidades, Governo, Relações Exteriores e Direitos Humanos), mas, mesmo assim, 21 dos 47 deputados da bancada votaram a favor do prosseguimento da denúncia por corrupção passiva contra Temer na Câmara, no último dia 2.
“Deixei muito claro a ele que em nenhum momento estamos defendendo o ‘Fora Temer’. E não vamos mudar um milímetro nossa defesa das reformas por causa de cargos. Nossa posição é de independência”, afirmou Tasso, que se reuniu com o presidente na casa do empresário Abílio Diniz, em São Paulo.
Nesta terça-feira, quem conversou com Temer, no Palácio do Planalto, foi Aécio. Alvo de inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF), o tucano disse que, se Temer achar melhor redistribuir os espaços na equipe, isso não alterará o voto do PSDB a favor das reformas, especialmente a da Previdência. “Esta sempre foi a agenda do PSDB e temos a obrigação de continuar defendendo o que pregamos”, afirmou. “É um grande erro marcar data para desembarque do governo.”
Se dependesse de Tasso, o partido já teria deixado o governo. Aécio é contra a saída e, como o PSDB está rachado, os tucanos resolveram não mais discutir esse assunto agora. “A orientação é para que a gente possa fazer uma reciclagem de maneira independente, sem estar envolvido com o governo, mas nós apoiamos as reformas”, argumentou Tasso.
Refundação
O programa de rádio e TV do PSDB, que irá ao ar em rede nacional no próximo dia 17, baterá na tecla de que o partido “errou” e pregará uma espécie de refundação, com propostas para o país. Será o abre-alas tucano para a campanha eleitoral de 2018.
Um vídeo divulgado na semana passada pelo partido em que admite que errou – sem especificar quando e como – provocou polêmica interna no partido. O governador de Goiás, Marconi Perillo, por exemplo, criticou a peça por não ter sido discutida com as lideranças e disse que o partido não tem de ficar se desculpando.
“Quem eventualmente cometeu erros, algum tipo de equívoco ou crime, deve pedir desculpas. Não diria o partido como um todo. Os bons não podem pagar por poucos ruins.”
(Com Estadão Conteúdo)