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Suspeito nega ameaças de morte contra Jorge Selarón

Paulo Sérgio Rabello foi ouvido pela polícia, e confirmou desentendimentos com o artista plástico, encontrado morto em sua famosa escadaria no Rio

Por Da Redação
11 jan 2013, 19h44

Um dia após a morte do artista plástico Jorge Selarón, de 65 anos, seu ex-colaborador Paulo Sérgio Rabello compareceu à delegacia para depor. Ele confirmou ter brigado com o ex-chefe mas negou as ameaças de morte – que o chileno dizia receber há dois meses. A Polícia Civil trabalha com a hipótese de suicídio para o caso após a divulgação do laudo de necropsia pelo Instituto Médico Legal (IML). A perícia confirmou que Selarón morreu carbonizado e que não havia marcas de agressão em seu corpo.

O laudo também indicou que o solvente utilizado na combustão foi derramado da cabeça em direção aos pés, o que comprovaria que o próprio artista ateou fogo contra o corpo. Outro indício apontado pela perícia foi a tampa do solvente, encontrada em seu quarto. Como Selarón estava sozinho, a suspeita é de que, após abrir a lata, ele tenha decidido atear fogo na escadaria que decorou. “Ouvimos testemunhas que falaram que ele estava depressivo, buscando maneiras de se matar. A perícia detectou que ele morreu por carbonização. Não havia marca de tiros ou outros ferimentos”, afirmou a delegada Renata Araújo, da Divisão de Homicídios, responsável pelo caso.

Até esta sexta-feira, oito pessoas foram ouvidas. Amigos, funcionários e vizinhos informaram que Selarón tinha expressado o desejo de se jogar nos trilhos do metrô. Pessoas próximas ao artista também afirmaram que ele tinha o desejo de ser cremado após sua morte, o que pode ter relação com a forma escolhida para o suicídio, segundo a delegada Renata Araújo. A intenção expressa por Selarón era de que suas cinzas fossem espalhadas pela escadaria.

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O consulado do Chile consultou familiares dele, mas não há definição de onde ele deve ser sepultado – o artista era afastado da família. Seu corpo permanece no IML e, caso a família não manifeste interesse em levá-lo ao Chile, só será liberado na segunda-feira, para outras pessoas mais próximas. Nesta sexta, uma manifestação de vizinhos e amigos pedia que a prefeitura do Rio arcasse com os custos do funeral.

Ameaças – Ainda segundo a delegada Renata Araújo, a tese de homicídio ainda não está completamente descartada, mas perde força diante do laudo pericial e dos testemunhos. Em depoimento, Paulo Sérgio Rabello, citado em uma ocorrência aberta por Selarón como autor de ameaças, confirmou que havia discutido com o artista e também as agressões a outro funcionário, César Augostin.

Rabello, entretanto, negou ter feito ameaças de morte ou disputado o direito aos bens do artista após sua morte. “Minha única briga com Selarón era para abrir uma empresa. Mas ele queria continuar na informalidade.” Colaborador de Selarón durante seis anos, Rabello disse que estava em casa na manhã de quinta-feira, quando o artista foi encontrado morto na escadaria.

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Para os amigos, as ameaças contribuíram para o agravamento do quadro de depressão do artista. Nas últimas semanas, ele passou a ter companhia de amigos e funcionários para sair de casa e para dormir em seu ateliê. “Desde que as ameaças começaram, ele mudou muito, emagreceu e perdeu a alegria. Ele não suportou a pressão”, afirmou Dhel Aquino, vizinho e amigo do artista.

Homenagens – Nesta sexta, durante todo o dia, a escadaria ornada com mosaicos de cerâmica de diversos países recebeu homenagens ao autor da obra. O movimento de turistas na região foi recorde, segundo comerciantes do entorno. Amigos e vizinhos declamaram poemas e colocaram velas, flores e panos pretos ao longo da escadaria. A homenagem simbolizava o luto da comunidade pela morte daquele que transformou o espaço, antes marginalizado, em um dos principais pontos turísticos da cidade.

A Prefeitura do Rio informou que estuda catalogar todas as peças de cerâmica que estão na escadaria, tombada desde 2005, e prometeu cuidar da região. A manutenção, limpeza e até a segurança do espaço eram feitas pelo próprio Selarón, que reclamava da falta de atenção com o local, ocupado por usuários de drogas e moradores de rua. Mesmo nas noites de maior movimento, quando uma viatura da polícia ficava estacionada no acesso à obra, o consumo e o tráfico de maconha e cocaína aconteciam livremente.

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(Com Estadão Conteúdo)

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