O superintendente do Incra no Rio Grande do Sul, Nelson José Grasselli, publicou um currículo no qual exibe suas realizações em mais de três décadas. A primeira ‘experiência profissional’ citada é uma invasão de fazenda. Está escrito lá: “Participou da ocupação da Fazenda Annoni em 1985”. A propriedade, no município de Sarandi (RS), foi a primeira a ser invadida pelo MST, em outubro de 1985, e marca o nascimento do movimento. Mais de 7 mil militantes arrebanhados em municípios vizinhos ocuparam as terras, que posteriormente se transformaram em um assentamento da reforma agrária.
Entre 1985 e 1987, Grasselli foi coordenador do acampamento da fazenda Annoni. Depois, ascendeu à direção estadual do MST no Rio Grande do Sul. Após presidir cooperativas ligadas à reforma agrária no Estado, Grasselli se elegeu prefeito de Pontão (RS), cidade que administrou de 1997 a 2004 e entre 2013 e 2020. Por dois anos, foi assessor do gabinete do então governador Tarso Genro.
Grasselli também foi monitorado pelos órgãos de inteligência do governo federal. Em 1985, o nome dele foi incluído em um relatório do Serviço Nacional de Informações (SNI) sobre a invasão da Fazenda Annoni. Em 1988, um relatório de inteligência do Exército sobre questões fundiárias mostrou que as famílias da Fazenda Annoni tinham formado um conselho diretor de 14 membros, entre eles Grasselli. O Exército dizia no relatório que as lideranças do MST tinham organizado festividades para comemorar o primeiro ano do assentamento, “assim, alardearam o êxito de um projeto de reforma agrária sabidamente comunizante”.