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Sociólogo Francisco de Oliveira, fundador do PT, morre em SP aos 85 anos

Ex-professor de USP e ex-presidente do Cebrap, ele se afastou dos petistas após a vitória de Lula, a quem criticou; causa da morte não foi divulgada

Por Da Redação 10 jul 2019, 16h07

O sociólogo Francisco de Oliveira, um dos fundadores do PT, morreu nesta quarta-feira, 10, em São Paulo, aos 85 anos, de causa não divulgada. A informação foi confirmada pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP (FFLCH-USP), onde ele era professor desde 1988, no Departamento de Sociologia.

Francisco Maria Cavalcanti de Oliveira era formado em ciências sociais pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) em 1956 e concluiu um doutorado em sociologia pela Universidade de São Paulo, em 1992. No ano de 2004, o sociólogo recebeu o prêmio Jabuti com a obra Crítica à Razão Dualista – O Ornitorrinco, publicado pela editora Boitempo.

Ele tornou-se crítico ao PT após a chegada do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência, em 2003. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo em 2016, disse que o partido como “força transformadora tinha acabado”. Ele também ajudou na fundação do PSOL, partido do qual também se afastou.

Em nota, o PT afirmou que “Chico de Oliveira participou da fundação do PT, junto a uma geração brilhante de intelectuais” e “durante um bom tempo contribuiu para a construção do programa do PT”.

“Destacou-se pela capacidade crítica, por um marxismo inquieto, voltado a interpretar e mudar a realidade brasileira. Sua grande obra, Crítica à Razão Dualista, ainda serve de referência para compreender os grandes marcos de análise do desenvolvimento do capitalismo no Brasil. Contrapondo aos que defendiam o desenvolvimento como modernização e aos que separavam desenvolvimento na periferia de superação do capitalismo, Chico nos honrou com seu esforço de tornar o socialismo um horizonte menos longínquo”, afirmou a direção do partido.

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A nota, no entanto, também lembrou que Oliveira foi um crítico ao partido, do qual se desfiliou em 2003, mesmo ano que Lula assumiu o cargo de presidente da República. “Nunca foi, no entanto, adversário. Marchava por caminho diferente, mas em busca de um horizonte comum”, disse a legenda. “Em nome do PT reconhecemos e agradecemos sua grande contribuição ao partido”, que terminou a nota com a frase “Chico de Oliveira presente!”

Textos clássicos

O Cebrap (Centro Brasileiro de Pesquisa e Planejamento), instituto que foi presidido por Oliveira entre 1993 e 1995, também emitiu nota oficial lamentando a notícia da morte do sociólogo. “Autor de textos clássicos das ciências sociais brasileiras como Crítica à Razão Dualista, Chico de Oliveira foi o intelectual rigoroso e sofisticado que participou de pesquisas que moldaram o debate brasileiro e que formaram gerações de novos pesquisadores”, escreveu.

“O Cebrap reverencia a memória de Chico de Oliveira e exprime sua gratidão pelo privilégio de poder ter contado durante tantos anos com sua energia e seu engajamento na produção de conhecimento inovador e na construção de um país justo e soberano”, concluiu.

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Antes de sua carreira intelectual na USP, no PT e no Cebrap, Oliveira trabalhou no Banco do Nordeste (no final dos anos 1950) e na Sudene (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste) entre 1959 e 1964, ao lado do economista Celso Furtado.

O velório do sociólogo está marcado para às 17h no Salão Nobre do Prédio da Administração da FFLCH, na Zona Oeste de São Paulo.

(Com Estadão Conteúdo)

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