Segurança reforçada permite presença de Bolsonaro no jogo do Palmeiras
Homens espalhados por diversos pontos do estádio compunham um verdadeiro esquadrão para garantir a segurança do presidente eleito
O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) dividiu as atenções com o Palmeiras no Allianz Parque neste domingo, no jogo que encerrou a campanha do título brasileiro e terminou com triunfo por 3 a 2 sobre o Vitória. Torcedor da equipe, ele foi convidado pela diretoria alviverde para ir à arena, cumprimentou o técnico Luiz Felipe Scolari e os jogadores no vestiário antes da partida, e “quebrou o protocolo” da forte segurança montada para entregar a taça ao capitão Bruno Henrique.
“É um clima de festa, de libertar os sentimentos. Parabéns ao Palmeiras, e a todos os torcedores do Brasil. É uma festa ímpar para mim, gostaria de agradecer à diretoria por ter me convidado. Dizem que na democracia rodízio é bom, no futebol não”, falou Bolsonaro, para o SporTV, brincando sobre a supremacia do Palmeiras, que conquistou o Brasileirão pela segunda vez nos últimos três anos.
Desde a chegada ao Allianz, por volta das 15h, homens mal-encarados com fones no ouvido espalhados por diversos pontos do estádio, agentes da Polícia Federal e membros da Polícia Militar compunham um verdadeiro esquadrão para garantir que nenhum problema de segurança, como o atentado ocorrido em Juiz de Fora às vésperas do primeiro turno das eleições, se repetisse.
No camarote de número 411, da presidência do Palmeiras, localizado no quarto andar do Allianz, ele foi recebido por Leila Pereira, dona da Crefisa (patrocinadora do time), antes de acenar para os torcedores presentes no estádio. “Eu coloquei a faixa do decacampeonato no presidente!”, disse Leila, em um camarote vizinho. Ela postou o registro do momento em sua conta no Twitter. “Ele estava calmo, mas não consegui ver muito do jogo ao lado dele porque saí em seguida. Mas assim, ele é gente como a gente, sabe?”, emendou a parceira palmeirense. Segundo ela, Bolsonaro não havia comido muito. “Acho que por causa da cirurgia, né?”, questionou.
Em frente à porta do camarote onde Bolsonaro estava, seguranças e membros da PM controlavam o acesso com rigor. Após cinco minutos circulando pelo local, o repórter foi avisado por um segurança do Allianz que não poderia permanecer ali por “questões de segurança” e foi acompanhado por um outro até os elevadores. Agentes da Polícia Federal se posicionaram nas portas de saída de emergência do piso, impedindo o acesso pelas escadas. Quando a partida terminou, um corredor humano de policiais e agentes escoltou Bolsonaro rapidamente até os elevadores.
Durante a partida, as manifestações da torcida em relação ao presidente eleito foram tímidas. Nas cadeiras abaixo do camarote onde Bolsonaro estava, alguns fãs ficavam de costas para o campo e tentavam registrar pelo celular a presença do político. Vez ou outra, surgia um grito de “mito” do meio do público. Já quando ele apareceu no gramado para entregar a taça, foi ovacionado por praticamente todo o estádio, o que abafou tímidas vaias – pouco antes, o ex-presidente Lula havia sido xingado.
A maior manifestação “contrária” a Bolsonaro se deu fora do Allianz, mas em tom de ironia. Torcedores colaram em postes da Rua Palestra Itália (antiga Turiaçu) cartazes com a frase “Malandro é o Bolsonaro, todo ano é campeão”, que exibia ainda fotos do presidente com diversas camisas de clubes diferentes, como Flamengo, Botafogo, Sport e do próprio Palmeiras. Uma provocação ao fato de Bolsonaro “jogar para a torcida”, no jargão boleiro, ou seja, fazer agrados a diferentes clubes.
(Com Estadão Conteúdo)