Roberto Caldas deixa Corte Interamericana após denúncias de agressão
Juiz alega 'razões particulares' para se afastar do cargo que ocupa desde 2013
O juiz Roberto de Figueiredo Caldas pediu licença da Corte Interamericana de Direitos Humanos (CorteIDH) por tempo indeterminado. O pedido ocorre após ser acusado pela ex-mulher Michella Marys de violência doméstica, conforme revelou VEJA na edição desta semana.
Segundo Michella, Caldas a agrediu e a empurrou escada abaixo em 23 de outubro de 2017. No último dia 13, a vítima procurou a Delegacia Especial de Atendimento à Mulher de Brasília para prestar queixa por injúria, ameaça e agressões físicas.
Em e-mail enviado aos integrantes da Corte, ele afirma que pede licença ”por razões particulares” e que prestará maiores esclarecimentos ”oportunamente”.
Representante do Brasil na Corte, o advogado foi indicado para o cargo em 2012 pela então presidente Dilma Rousseff. Eleito pela 42ª Assembleia Geral da Organização dos Estados Americanos em 2012, assumiu a cadeira no ano seguinte. Em 2016, Caldas assumiu a presidência da CorteIDH. Seu mandato termina em novembro próximo.
Defesa
Em nota, o advogado de defesa de Roberto Caldas, Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, disse que seu cliente ”nega peremptoriamente qualquer agressão física” e que as fotos apresentadas pela vítima ”são impactantes, mas dissociadas da realidade, nada provam”. Em outro trecho, ”reconhece que os limites da ética foram ultrapassados e as agressões verbais são injustificadas”. Confira a íntegra do texto abaixo.
”A defesa do Roberto Caldas vem a público afirmar que reconhece serem graves as inúmeras ofensas verbais feitas pelo casal ao longo de uma tumultuada relação, reveladas em gravações que vieram a público. A sua ex-esposa o gravou por 6 anos, o que demonstra uma relação doentia por parte dela, repleta de inconfessáveis motivos, mas, de qualquer maneira, as ofensas verbais são injustificáveis. O Dr. Roberto Caldas nega peremptoriamente qualquer agressão física.
As fotos mostradas são impactantes mas dissociadas da realidade, nada provam contra o Dr. Roberto Caldas. Ao longo de 6 anos a ex-mulher o gravou! Se houvesse qualquer agressão física, parece evidente, teria sido constatada em 6 anos de gravação clandestina. A defesa se reserva o direito de não usar, pela imprensa, por ser um processo em segredo de justiça, e , principalmente, por envolver os filhos menores do casal, bem como a filha da sua ex mulher, a quem trata como se filha fosse, os elementos gravíssimos que demonstram a conduta criminosa da sua ex mulher.
Há crimes contra a vida anteriormente perpetrado, revelados em processo judicial, e outros graves crimes em época recente. Nada será objeto de exposição midiática ainda que o objetivo principal da sua ex-mulher seja exatamente este. Ressalta a defesa que, independentemente de qualquer acusação, reconhece que os limites da ética foram ultrapassados e as agressões verbais são injustificadas. Mas o Dr. Roberto Caldas não reconhece nenhuma agressão física. Aguarda a defesa, mesmo com o avassalador destaque negativo, que possa provar a verdade ao longo do processo”.