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Ramagem sugeriu novo superintendente da PF no Rio a Bolsonaro

Diretor-geral da Abin convenceu presidente a escolher Tácio Muzzi, acalmando os ânimos de policiais federais na crise

Por Cássio Bruno Atualizado em 6 Maio 2020, 16h26 - Publicado em 6 Maio 2020, 16h16

A indicação de Tácio Muzzi para comandar a Superintendência da Polícia Federal do Rio de Janeiro foi sugestão de Alexandre Ramagem, diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). A estratégia do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que deu o aval para a escolha, era a de afastar o argumento de interferência política dele na PF, como acusou o ex-ministro Sérgio Moro. A opção pelo delegado da Lava-Jato fluminense no cargo acalmou os ânimos dos policiais federais e deu fôlego ao novo diretor-geral da corporação, Rolando Souza.  

Bolsonaro tinha dois delegados preferidos à PF do Rio: Alexandre Saraiva, que, atualmente, está à frente da Superintendência do Amazonas, e o delegado Rodrigo Piovesan Bartolomei, responsável, no ano passado, por uma operação para recuperar o celular do hoje ministro da Justiça e Segurança Pública, André Mendonça, em uma favela carioca. Mendonça era então advogado-Geral da União (AGU). O nome de Tácio Muzzi surpreendeu integrantes do próprio governo. Por outro lado, diminuiu a pressão após Carlos Henrique Oliveira, ex-chefe no Rio, ser promovido a diretor-executivo, em Brasília.  

Amigo da família Bolsonaro, Alexandre Ramagem quis agradar, principalmente, o Sindicato Nacional dos Delegados da PF. O presidente da instituição é Edvandir Paiva, um crítico do governo federal. O diretor-geral da Abin conseguiu convencer Bolsonaro com a alegação de que seria melhor nomear alguém com bom trânsito e relacionamento dentro da Superintendência no Rio. “Gostamos da escolha”, disse um agente a VEJA, aliviado.

Tácio Muzzi está na PF desde 2003. Foi chefe da Delegacia de Repressão à Corrupção e Crimes Financeiros da PF e também diretor do Departamento Penitenciário Nacional (Depen). Na Lava-Jato, comandou a equipe de combate à corrupção. Participou ainda da Operação Gladiador, que prendeu o ex-chefe da Polícia Civil do Rio Álvaro Lins dos governos Anthony Garotinho e Rosinha. A ação desarticulou uma quadrilha formada por policiais civis e militares que garantiam proteção a contraventores.

Bolsonaro nomeou Rolando Souza para diretor-geral da PF na última segunda-feira depois que o Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu a indicação de Alexandre Ramagem para o cargo. Ramagem havia sido oficialmente indicado para substituir Maurício Valeixo, cuja exoneração levou à saída do ex-juiz Sergio Moro do Ministério da Justiça e Segurança Pública. Ao deixar o cargo, Moro acusou o presidente de interferência política na PF.
 
Em depoimento à PF em Curitiba durante oito horas, Sérgio Moro reafirmou tudo o que disse em seu discurso de despedida do governo, em 24 de abril, provocando uma crise. O ex-ministro da Justiça foi questionado sobre as acusações de que Bolsonaro tentou interferir no trabalho da PF e em inquéritos relacionados a familiares.

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