Depois do decreto de intervenção federal no Rio de Janeiro, assinado nesta sexta-feira pelo presidente Michel Temer (MDB), o comandante do Exército, general Eduardo Villas Boas, declarou que o interventor nomeado por Temer, general Walter Souza Braga Netto, terá “todo o apoio” da corporação e que a segurança pública não é o único problema do estado. Braga Netto estará à frente da segurança fluminense até o dia 31 de dezembro de 2018, conforme o decreto do presidente.
Por meio de sua conta no Twiiter, Villas Boas disse ter se reunido com Braga Netto hoje e que a missão “enlaça” o general diretamente ao presidente. “As FA [Forças Armadas] continuarão cumprindo as suas missões de GLO [Garantia da Lei e da Ordem] no Rio de Janeiro”, afirmou o comandante do Exército.
Para Eduardo Villas Boas, no entanto, os problemas enfrentados pelo Estado do Rio de Janeiro vão além da segurança pública, área à qual está restrita a intervenção, com o comando de Walter Braga Netto sobre Secretaria de Segurança Pública, incluindo as polícias Civil e Militar e o Corpo de Bombeiros, e a Secretaria de Administração Penitenciária. Ele observa a “gestão” entre as dificuldades do Rio.
“Os desafios enfrentados pelo estado do RJ ultrapassam o escopo de segurança pública, alcançando aspectos financeiros, psicossociais, de gestão e comportamentais. Verifica-se pois a necessidade de uma honesta e efetiva ação integrada dos poderes federais, estaduais e municipais”, escreveu Villas Boas.
Ao discursar após a assinatura do decreto de intervenção, Temer ressaltou que a decisão da intervenção foi “construída em diálogo” com o governador do Rio de Janeiro. “A intervenção, registro a todos, foi construída em diálogo com o governador Luiz Fernando Pezão e eu comunico que nomeei o interventor, o comandante militar do Leste, general Walter Souza Braga Neto, que terá poderes para restaurar a tranquilidade do povo. As polícias e as Forças Armadas estarão nas ruas, nas avenidas, nas comunidades e, unidas, combaterão, enfrentarão e vencerão, naturalmente, aqueles que sequestram do povo as nossas cidades”.
Já o governador fluminense admitiu publicamente, em discurso no Palácio do Planalto, a incapacidade do Rio em combater a violência. “Nós, com a polícia militar e civil, não estamos conseguindo deter a guerra entre facções no nosso estado. Ainda com um componente grave, que são as milícias”, afirmou.