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Preso nesta terça, engenheiro foi premiado em gestão de risco de barragens

Makoto Namba é co-autor de projeto vencedor de prêmio concedido pela Associação Brasileira de Mecânica de Solos e Engenharia Geotécnica

Por Leandro Nomura 29 jan 2019, 20h16

Preso nesta terça-feira 29 por indício de responsabilidade no rompimento da barragem de Brumadinho, o engenheiro civil Makoto Namba foi premiado em outubro de 2018 por um projeto sobre gestão de risco de reservatórios de rejeito. Na época, a Associação Brasileira de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica considerou o estudo de caso da barragem de Itabiruçu, em Itabira (MG), do qual Namba é co-autor, o melhor projeto geotécnico do biênio 2016-2018.

De acordo com o site da entidade, o trabalho “apresenta uma abordagem diferenciada por analisar os riscos de forma probabilística, que quantifica os riscos de forma mais completa”.

A associação abrigou em seu conselho diretor, entre 2017 e 2018, outro engenheiro preso nesta terça: André Jum Yassuda. Em nota, a assessoria da ABMS afirmou que “a empresa e os engenheiros responsáveis por atestar a segurança da citada barragem (em Brumadinho) dentro da legislação em vigor são associados à ABMS há mais de 30 anos e desfrutam de elevada credibilidade no meio técnico e científico, não havendo nada que os desabone”. Diz também que “a geotecnia trata com incertezas, não é ciência exata, e as normas e recomendações evoluem face ao avanço do conhecimento e ocorrências”.

Prisões

Namba e Yassuda são engenheiros terceirizados da Vale. De acordo com o despacho da juíza Perla Saliba Brito, que determinou as prisões temporárias, os dois profissionais assinaram declarações de estabilidade do reservatório de Brumadinho ao lado de um funcionário da mineradora, o geólogo Cesar Augusto Paulino Grandchamp, “informando que aludidas estruturas se adequavam às normas de segurança, o que a tragédia demonstrou não corresponder o teor desses documentos com a verdade, não sendo crível que barragens de tal monta, geridas por uma das maiores mineradoras mundiais, se rompam repentinamente, sem dar qualquer indício de vulnerabilidade”.

Outros dois funcionários da Vale foram presos temporariamente nesta terça: Ricardo de Oliveira, gerente de meio ambiente, saúde e segurança, e Rodrigo Artur Gomes Melo, gerente executivo operacional responsável pelo complexo minerário de Paraopeba. Para a juíza, eles eram “responsáveis pelo licenciamento e funcionamento das estruturas, incumbindo-lhes o monitoramento das barragens que se romperam, ocupando funções de gestão e condução do empreendimento”.

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Os profissionais presos serão investigados por falsidade ideológica — pois há suspeita de que os laudos tenham sido fraudados —, crimes ambientais e homicídios. O prazo da detenção temporária é de 30 dias.

Em nota, a mineradora se limitou a dizer que colabora “plenamente” com as autoridades: “A Vale permanecerá contribuindo com as investigações para a apuração dos fatos, juntamente com o apoio incondicional às famílias atingidas”.

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