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Preso, ‘faraó dos bitcoins’ se filia a partido nanico e quer ser Moisés

Ficha obtida por VEJA mostra que Glaidson Acácio dos Santos entrou no DC no último dia da janela partidária, 2 de abril; ele pretende concorrer à Câmara

Por Caio Sartori, Adriana Cruz Atualizado em 7 Maio 2022, 16h23 - Publicado em 7 Maio 2022, 15h13

De dentro da cadeia, Glaidson Acácio dos Santos, o “faraó dos bitcoins”, escolheu um partido nanico para tentar entrar na política. Normalmente associado ao eterno presidenciável Eymael, o Democracia Cristã (DC) o filiou no último dia da janela partidária, 2 de abril, segundo a ficha obtida por VEJA. A ideia dele, que está em prisão preventiva, é concorrer a deputado federal pelo Rio de Janeiro, tendo como reduto a Região dos Lagos, onde manifestações contra sua prisão chegaram a ser realizadas nos últimos meses. 

Acusado pela Polícia Federal de comandar uma fraude financeira de bilhões de reais, o “faraó” é dono de uma empresa que investia em transações com criptomoedas e prometia aos investidores 10% de lucro – sem a autorização dos órgãos responsáveis. Preso em agosto do ano passado no âmbito da Operação Kryptos, Glaidson e outras 21 pessoas do grupo foram indiciadas por crime contra o sistema financeiro, lavagem de dinheiro e gestão temerária ou fraudulenta. 

Para se contrapor à imagem de faraó, segundo interlocutores, a candidatura irá apresentá-lo como uma espécie de Moisés, que libertou os hebreus do Egito. Explica-se: Glaidson quer ser visto como um libertador do sistema econômico tradicional.

Na Justiça Federal, houve o bloqueio de 38 bilhões de reais da empresa GAS Consultoria e das contas dele próprio. A quantia superlativa foi movimentada desde 2015. Hoje, 288 pessoas processam o faraó no Tribunal de Justiça do Rio, segundo levantamento de VEJA, e 289 a empresa. 

Enquanto a Federal bloqueou o valor, a Justiça do estado aceitou outra acusação de peso: o faraó virou réu acusado de encomendar a morte do investidor Wesley Pessano, cinco meses antes, em São Pedro da Aldeia, na Região dos Lagos. O objetivo seria eliminar a concorrência no ramo das criptomoedas. Além do morto, há ainda uma denúncia pela tentativa de homicídio de outro concorrente – que sobreviveu, mas ficou cego e paraplégico. 

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“A defesa de Glaidson dos Santos informa que ele não foi condenado em nenhuma instância e se encontra há mais 200 dias preso por prisão preventiva decretada em caráter cautelar, sem qualquer sentença, portanto. A defesa tem certeza que as alegações feitas até agora contra Glaidson são uma compilação de elementos frágeis, sem provas e que não resistirão quando e se forem confrontados com o amplo contraditório”, diz a nota enviada pela equipe do réu.

Como o também ex-pastor da Igreja Universal não tem condenação, não há hoje empecilhos para sua eventual candidatura. “Ele manifestou interesse de vir para o DC e nosso departamento jurídico analisou a situação. Como não é ficha suja, não temos por que barrá-lo”, afirma o secretário-geral do partido, Rubens Pavão. “Somos o partido do Eymael, um dos maiores constituintes. Temos que fazer valer a Constituição.”

 

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