Presa por esquartejar o marido, Elize Matsunaga vai para o semiaberto
Em 2012, ela assassinou Marcos Kitano Matsunaga, presidente da companhia de alimentos Yoki, colocou o corpo em partes em uma mala e o jogou na mata em Cotia
A Justiça autorizou a detenta Elize Araújo Kitano Matsunaga a cumprir o restante da pena em regime semiaberto. Ela foi condenada em 2016 pelo assassinato com um tiro e posterior esquartejamento do marido, o presidente da companhia de alimentos Yoki, Marcos Kitano Matsunaga. As partes do corpo foram colocadas em uma mala e deixadas em um matagal em Cotia, na Grande São Paulo.
Elize argumentou que atirou no marido para se defender após ter sido vítima de agressões constantes. Com a decisão, ela deve ser beneficiada com a “saidinha” do Dia dos Pais, no próximo dia 11, e também poderá trabalhar ou estudar durante o dia e depois voltar à penitenciária à noite.
O Ministério Público deu antes um parecer favorável à progressão. A juíza Sueli Zeraik de Oliveira Armani, da 1ª Vara de Execuções Criminais de Taubaté, no interior de São Paulo, em sua decisão informou que integrantes da Comissão de Avaliação atestaram a aptidão da detenta para o gozo do regime intermediário de cumprimento de pena. Elize continua detida na Penitenciária Feminina I de Tremembé, onde coordena a oficina de costura da Fundação Professor Doutor Manoel Pedro Pimentel (Funap). A filha do casal, de 7 anos, está sob os cuidados dos avôs paternos. O processo corre em segredo de Justiça.
O crime
Em dezembro de 2016, a bacharel em Direito Elize Matsunaga foi condenada a 19 anos e 11 meses de prisão em regime fechado por ter matado e esquartejado o marido, em 2012. A pena máxima prevista para os dois crimes era de 33 anos de reclusão, mas o Conselho de Sentença eliminou duas das três qualificadoras no homicídio – motivo torpe (teria praticado o crime por vingança ou dinheiro) e meio cruel (a vítima ainda estaria viva ao ser esquartejada).
Apesar de comemorar o entendimento dos jurados, a defesa de Elize considerou a pena alta e recorreu. Na época, os advogados de defesa tentaram reconstruir o passado humilde de Elize, como uma menina que saiu do interior do Paraná e se prostituiu para pagar a faculdade. Sustentando a tese de que ela havia reagido a uma provocação injusta, a defesa abordou questões de violência doméstica. “Nem sempre a violência é física. O olho roxo desaparece; o sentimento, jamais”, afirmou o advogado Luciano Santoro.
A pena foi recalculada para 18 anos e nove meses, em razão do tempo de Elize na prisão e trabalhos realizados na penitenciária. Depois, a Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) reduziu para 16 anos e três meses.
(Com Estadão Conteúdo)