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‘Prendem quem tenta ajudar’, diz brasileiro solto na Venezuela

Depois de passar 12 dias preso, Jonatan escreveu sobre o que aconteceu nos últimos meses

Por Da Redação Atualizado em 15 jan 2018, 16h20 - Publicado em 7 jan 2018, 19h23
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  • O brasileiro Jonatan Diniz, que ficou preso na Venezuela por 12 dias e foi solto no sábado, publicou um texto em seu Instagram para falar sobre os meses que passou na ditadura do presidente Nicolás Maduro. Gaúcho de 31 anos, Diniz pediu privacidade, mas o Itamaraty confirmou que ele já retornou aos Estados Unidos, onde mora atualmente.

    Jonatan foi detido no dia 26 de dezembro e mantido em uma instalação de órgão de segurança local. Ele viajou à Venezuela para organizar uma campanha de doações para crianças carentes. Levou brinquedos, camisetas e bonés que pretendia distribuir durante o Natal.

    Leia alguns trechos do texto:

    “Os 3 meses que vivi lá (entre maio e agosto de 2017, justo nos protestos mais fortes que Venezuela já teve), eu sim fui a muitos protestos (como observador, jamais toquei em uma arma), sim, odiei muito Maduro nesse tempo por todas as bombas lacrimógenas que tive que respirar e sim, vi muita barbaridade tanto de um lado quanto do outro. Quando eu não chorava pela notícia de mais um jovem assassinado que batalhava por liberdade e por um país melhor, eu chorava por ver crianças de 5, 6 anos prepararem bombas molotov no meio da avenida para se prepararem para os confrontos, enquanto eu via adultos de 20, 30, 40, 50, 60, 70 anos olharem a situação e não fazerem MERDA NENHUMA para afastar aquelas crianças do perigo, e pior, se eu tentava falar para as crianças não fazerem isso ainda sofria ameaças.

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    De verdade, todos os dias era normal chorar umas 2 horas todas as manhãs ao acordar antes de começar a trabalhar, porque é impossível você ver tanta loucura, irresponsabilidade, sangue derramado e tudo por sede ao poder de ambos os lados políticos e ver os jovens que somente querem o direito de viver em um país melhor morrerem ou chorarem por ter que deixar o país que amam porque já não tem dinheiro nem para uma farinha de trigo.

    Você brasileiro que vive com a realidade de um salário mínimo de cerca de 300$ mensais e tem que sustentar 2 filhos já se vê em apuros para sobreviver, agora imagina como é a realidade de uma família Venezuela de baixa renda, que o salário mínimo deles é menos de 10$ mensais, já pensou o que você seria capaz de fazer para não deixar seus filhos morrerem de fome? Quem saiba agora você comece a entender porque Caracas (Capital Venezuelana) é a cidade mais perigosa do mundo.
    O que mais me indigna é que a direita faz cagada, a esquerda faz cagada, o mundo inteiro vê crianças morrerem de fome e ninguém faz MERDA NENHUMA PARA AJUDAR e ainda criticam e colocam na prisão os que tentam fazer! No final das contas essa não é só uma avaliação a respeito do que os Venezuelanos estão sofrendo ou fazendo com seu país, mas sim uma avaliação de o que nós humanos estamos vendo e fazendo a respeito… NADA!!!

    É muito fácil sempre jogar a culpa nos governos, é sempre muito fácil achar um culpado, porém ninguém quer culpar o próprio espelho pela situação caótica que o mundo vive. Como você quer um mundo melhor se você não fizer nada??? Um conselho… Esperar governos resolverem a situação da fome no mundo é utopia, tentar ser humano de fato e compartir o que você tem com quem necessita não é mais que sua e minha obrigação como HUMANOS!

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    E para finalizar, o que passou este fim de ano é que decidí ir para Venezuela doar boa parte (a maioria na verdade) do dinheiro que eu tinha e conquistei com muito trabalho digno para iniciar o projeto @timetochangetheearth junto com amigos ao redor do mundo, que nada mais era que doar roupas, comidas, brinquedos e o que necessitasse para quem realmente precisasse. E o mais importante, tentar de alguma maneira mudar a mentalidade das pessoas, tentar encontrar uma maneira de em vez de guerrear, unir as partes para todos lutarem pelo mesmo objetivo.

    (…)

    Me comove muito a união que o povo brasileiro teve para me ajudar e me tirar da prisão, de verdade, sem palavras, pela primeira vez em minha vida vi nós brasileiros provarmos que somos mais fortes que governos. Como sempre disse e sempre vou dizer, o povo não deve temer o governo, o governo deve temer o povo, e em realidade, SERVIR o povo. O povo tem a força para fazer esse mundo melhor, basta nos movimentarmos e não usarmos somente orações mas sim ações para que isso torne-se realidade. Para finalizar minha reflexão sobre todo o ocorrido… “DEUS não pode mudar o mundo com o poder das suas orações, mas você pode mudar o mundo com o poder que DEUS te dá orando e principalmente AGINDO!”

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