Braga Netto entregou dinheiro a kid preto em sacola de vinho, disse Mauro Cid
Tenente-coronel afirmou que repasse foi feito ao major Rafael Martins de Oliveira, preso na Operação Contragolpe, com o objetivo de financiar os atos golpistas
Em depoimento prestado à Polícia Federal em 21 de novembro, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, declarou que o general da reserva e ex-ministro de Jair Bolsonaro Braga Netto entregou dinheiro em uma sacola de vinho com o objetivo de financiar ações golpistas após as eleições de 2022. Segundo Cid, o montante foi destinado ao major Rafael Martins de Oliveira, preso na Operação Contragolpe, e identificado como parte do esquema.
“O general repassou diretamente ao então Major Rafael de Oliveira dinheiro em uma sacola de vinho, que serviria para o financiamento das despesas necessárias a realização da operação”, disse Cid. O tenente-coronel acrescentou que Braga Netto afirmou, à época, que o dinheiro havia sido obtido “junto ao pessoal do agronegócio”.
A informação foi omitida de depoimento prestado pelo tenente-coronel em março. Na ocasião, Cid relatou apenas que houve um encontro na casa de Braga Netto para discutir a “conjuntura nacional” depois das eleições. Oito meses depois, e sob o risco de ter o acordo anulado, o ex-ajudante de ordens afirmou que no encontro foi pedido um “esboço” sobre a necessidade de ações concretas e que, alguns dias depois, Cid e Braga Netto se reuniram com o major Oliveira, momento em que o dinheiro foi entregue.
Para a PF, a informação confirma que “Braga Netto também teria atuado de forma direta e pessoal no financiamento das ações ilícitas, (…) ratificando sua atuação preponderante na execução dos atos criminosos”, segundo o texto da decisão que determinou a prisão preventiva do general neste sábado, 14.
A investigação confirmou que o celular comprado pelo major Rafael de Oliveira, utilizado durante a tentativa de golpe em novembro de 2022, foi adquirido com pagamento em espécie em uma loja de Goiânia. Além disso, os chips utilizados pelos golpistas foram recarregados, também em espécie, com créditos de R$ 20,00 poucos dias antes do evento.
Para a Polícia Federal, essas evidências indicam que Braga Netto “contribuiu, em grau mais efetivo e de elevada importância do que se sabia anteriormente, para o planejamento e financiamento de um golpe de Estado”. A ação, continua a PF, presumia a detenção ilegal e possível execução do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, “com uso de técnicas militares e terroristas”, além de possível assassinato do presidente Lula e seu vice Geraldo Alckmin.