O grupo étnico de pessoas que se declaram pardas passou a ser o que compreende a maior parcela da população do Brasil, pela primeira vez, segundo o Censo 2022, que distribui os grupos de cor ou raça a partir da autodeclaração dos entrevistados. As informações foram divulgadas nesta sexta-feira, 22, em novo recorte do levantamento, feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ao todo, são cerca de 92,1 milhões de pessoas, ou 45,3% dos brasileiros. Com isso, agora há mais pessoas pardas que aquelas que se declaram brancas (88,2 milhões ou 43,5%), pretas (20,6 milhões ou 10,2%), indígenas (1,7 milhão ou 0,8%) e amarelas (850,1 mil ou 0,4%). Entre os Censos de 2010 e 2022, pretos, indígenas e pardos ganharam participação em todos os recortes etários, enquanto brancos e amarelos perderam.
A maior concentração de pessoas pardas está na Região Norte do Brasil. Segundo o Censo 2022, lá estão 67,2% desse grupo étnico, e o Pará é o estado com maior percentual: 69,9%. Outro indicativo que retrata esse crescimento é que essa população é maioria em mais da metade dos municípios do país, 58,3% do total. Esse predomínio tem também um recorte por idade: os pardos são maioria até os 44 anos; já a partir dos 45 anos, a população branca é a que tem o maior percentual.
Houve ainda um aumento significativo na população preta, que desde 2010 cresceu 42,3%. Agora, esse grupo representa 10,2% dos brasileiros. A população parda, apesar da maior abrangência, já correspondia a 43,1% da população em 2010, e registrou um aumento de 11,9% desde então. É a primeira vez que os pardos são maioria, não os brancos, grupo em que houve um recuo. O maior aumento proporcional, no entanto, aconteceu na população indígena, que cresceu 89%: de 0,5% para 0,8%.
Analista do IBGE, Leonardo Athias explica que mudanças na distribuição desses percentuais são notadas desde 1991, com o aumento da declaração por cor ou raça parda, preta e indígena, e decréscimo para a população branca. A população amarela foi a que teve a maior redução, de 59,2%, voltando a patamares de 1991 e 2000: caiu de 1,1%, em 2010, para 0,4% em 2022.