PCC agendava coleta de dinheiro do tráfico de drogas por aplicativo
A polícia suspeita que o esquema operava desde 2013 e pode ter movimentado mais de 15 milhões de reais
Integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) usavam contas bancárias de novos membros para movimentar ao menos 280 mil de reais por mês provenientes do tráfico de drogas. Suspeita-se que o esquema operava desde 2013, podendo ter movimentado mais de 15 milhões de reais. As informações foram divulgadas pela Polícia Civil de São Paulo nesta quarta-feira, 3.
Os correntistas eram acionados por um líder da facção criminosa usando um aplicativo de celular para obter as senhas e fazer a coleta dos valores depositados nas contas desses. O criminoso incumbido para a tarefa, conhecido como Motoboy, foi um dos alvos de prisão da Operação Welfare (Bem Estar) deflagrada nesta quarta-feira, 3.
De acordo com o delegado José Carlos de Oliveira Junior, do Departamento de Polícia Judiciária de Presidente Prudente, o Motoboy agendava pelo aplicativo data, hora e endereço para fazer a coleta do dinheiro. “Às vezes, ele fazia contato telefônico, mas sempre de forma resumida, tentando evitar suspeitas por parte da polícia em caso de interceptação telefônica”, disse.
As investigações duraram seis meses. A Operação Welfare resultou no cumprimento de 35 mandados de prisão e 46 mandados de busca e apreensão, além de 16 buscas administrativas dentro de celas de presídios de São Paulo. Outros três mandados de prisão ainda serão cumpridos. Entre as prisões decretadas, estão 13 detentos que já estão no sistema prisional.
Os presos formavam células que cooptavam parentes e visitantes dos detentos para integrar o esquema. A “sintonia da ajuda”, como são conhecidos os integrantes, ofereciam transporte para parentes dos presos, pagamento de aluguel, despesas médicas e odontológicas, e até a quitação de pequenas dívidas. Em troca, os cooptados, na maioria mulheres, cediam suas contas bancárias para depósitos e transferência do dinheiro da droga.
Os envolvidos vão responder por tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Eles também tiveram os cadastros de pessoa física bloqueados no sistema bancário. Os materiais apreendidos ainda serão analisados e podem resultar em novas prisões.
(Com Estadão Conteúdo)