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Passeata contra a corrupção no Rio declara apoio ao CNJ e à Lei da Ficha Limpa

Manifestantes cobram maior presença de jovens no movimento e recebem adesão de quem estava na Praia de Copacabana apenas por lazer

Por Cecília Ritto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 12 out 2011, 17h36

Declarações de apoio ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e um voto de reprovação aos ‘bandidos de toga’ marcaram a passeata contra a corrupção no Rio de Janeiro, na tarde desta quarta-feira, 12. Se na primeira grande reunião, na Cinelândia, no mês passado, o movimento careceu de foco e propostas claras, o curto período de amadurecimento serviu para aparar arestas e fazer a manifestação ganhar corpo e consistência – mesmo com participação ainda limitada de jovens, tradicionalmente os motores das grandes marchas.

A estimativa dos organizadores é de que a manifestação reuniu 3 mil pessoas na Praia de Copacabana. A Polícia Militar acredita que metade desse contingente tenha de fato comparecido. As duas contas são imprecisas: depois de partir do Posto 4 da orla por volta das 13h40, o movimento ganhou a adesão de muita gente que estava ali inicialmente por lazer, aproveitando o calor tímido de início de primavera. O resultado foi um protesto composto por muitas famílias e, certamente, com efeito de conscientização sobre pessoas não necessariamente adeptas do ativismo.

A cobrança sobre os juízes suspeitos, investigados ou condenados por crimes foi estimulada. À frente da passeata caminharam 12 manifestantes usando togas, lembrando os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) – que são 11. Presidente do movimento Rio de Paz – um dos três grupos organizadores do ato desta quarta-feira -, Antônio Carlos Costa afirmou que representantes da versão carioca da marcha contra a corrupção pretendem estar em Brasília quando o STF for julgar a constitucionalidade da Lei da Ficha Limpa, que deve ocorrer este mês. “Participamos de uma reunião em Brasília para organizar o movimento. Pretendemos voltar à capital para a votação da Ficha Limpa”, disse.

Além do Rio de Paz, integram a marcha o movimento 31 de Julho, o Consciência Cidadã e a Marcha Contra a Corrupção. Depois de uma saraivada de pedidos, as reivindicações da marcha ganharam objetividade. Desta vez, a pauta se resumiu a cinco itens: aprovação da Lei da Ficha Limpa, fom do voto secreto, apoio ao CNJ, transparência nos gastos públicos e combate à impunidade – principalmente contra os crimes do colarinho branco. “Todos perceberam a necessidade de dar foco, para não ficarmos dando murro no ar”, explicou o presidente do Rio de Paz.

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Costa lamentou, no entanto, a baixa participação de jovens na passeata. “O povo não tem consciência do poder que tem. Existe um ceticismo muito grande em relação às nossas instituições. Minha esperança é que os que se angustiam com o que acontece no Brasil se disponham a ir às ruas. Isso inaugura uma nova fase no Brasil, caracterizada por maior controle social do Legislativo, Executivo e Judiciário”, afirmou.

Lenice Saraiva, 71 anos, moradora da Lagoa, juntou-se ao protesto. “O que me trouxe é a vontade de fazer alguma coisa para mudar essa situação. É indignação. Já esperamos demais. Devíamos convocar os gays para ajudar”, disse, fazendo uma referência à reunião de milhares de gays, lésbicas e simpatizantes no último domingo, na Praia de Copacabana.

Adolto Vianna, 62 anos, morador da Tijuca, era um exemplo de jovialidade. Estudante de direito, ele criticou a falta de jovens. “A omissão do povo é o que gera essas coisas. Os estádios de futebol, a Cidade do Rock, tudo fica lotado. Mas ninguém vem para combater essa política corrupta”, criticou, usando um nariz de palhaço e faixa com a inscrição “Políticos Ladrões, cadeia neles”.

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Símbolo da marcha contra a corrupção, as vassouras verdes e amarelas estiveram presentes. Foram levadas 400 delas, vendidas a 5 reais cada – o valor de custo é de 4,40, mas o acréscimo, segundo os organizadores, facilita o troco.

Para animar a massa a estimular a adesão, não faltaram palavras de ordem, como “Não fique aí parado, você também é roubado”, “Ei, você do mensalão, não pense que esquecemos que você é o ladrão”, “Você não acreditou, o povo se uniu, agora começamos a faxina do Brasil”. Mas o que animou mesmo foi um velho e bem-humorado refrão, transformado em hino contra a roubalheira: “Se gritar pega ladrão, não fica um, meu irmão”, de Bezerra da Silva.

Choque de ordem – No meio do protesto, os participantes usaram a força da multidão para evitar o que consideraram um abuso. Fiscais da operação Choque de Ordem, da prefeitura, tentaram recolher uma carroça de milho verde posicionada no calçadão. A mulher que vendia o milho, desesperada, acabou salva pelos manifestantes, que expulsaram os fiscais com xingamentos e vaia, batendo ainda sobre as viaturas do Choque de Ordem. Os agentes deixaram o local sob proteção policial.

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