O movimento do MDB para voltar ao centro político e dividir a chapa com Lula em 2026 gerou a reação dos aliados mais próximos do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB). A mobilização do partido a mais de dois anos para a eleição é vista como completamente extemporânea, mas já rende algumas provocações.
Em um recado nada velado, o presidente do PSB, Carlos Siqueira, disse que o assunto é, sobretudo, “fora de contexto”. Ele fez questão de resgatar o fantasma do impeachment de Dilma Rousseff para tratar das movimentações – mesmo com o MDB na base do governo, Lula afirma que o ex-presidente Michel Temer deu um “golpe” em sua aliada.
“É um assunto completamente fora de contexto. Mas já que o MDB inventou de fazer a reivindicação da vaga, é bom que o PT fique de olho, porque a experiência com eles no passado não foi a das melhores. É bom lembrar do (Michel) Temer antes de ficar falando disso”, afirmou Carlos Siqueira a VEJA.
O dirigente partidário afirma ainda que a aliança entre o presidente e o vice está consolidada. “Pretensão pode ter, mas o que eu vejo entre Lula e Alckmin é um entrosamento que só o Fernando Henrique Cardoso teve com o Marco Maciel. De lá para cá, e nem antes deles, não vi um vice tão entrosado com o presidente. É uma pretensão que eu recomendaria ao PT ter muito cuidado com ela”, afirma Siqueira.
Dentro do MDB, há a avaliação de que o candidato a vice tem de agregar votos ao cabeça da chapa, ativo que faltaria a Geraldo Alckmin. Siqueira também rebate essa visão. “O Alckmin veio para representar setores que o PT não tinha a confiabilidade nem representaria jamais – nem representará”, afirma, citando o agronegócio e os evangélicos, ambos apoiadores de Bolsonaro e mais refratários a Lula.
Reportagem desta edição de VEJA mostra a reação do PSB à nada discreta mobilização do MDB e como o vice-presidente Geraldo Alckmin está à vontade como o braço-direito de Lula no governo.
Entre os cotados do MDB para encabeçar o projeto de ser vice de Lula em 2026 estão os ministros Renan Filho (Transportes) e Simone Tebet (Planejamento) e o governador do Pará, Helder Barbalho.