O dono da Universidade Brasil, José Fernando Pinto da Costa, preso preventivamente nesta terça-feira na Operação Vagatomia, é parceiro financeiro de grandes clubes de futebol, como o Corinthians, Flamengo e Atlético Mineiro. A camisa atual dos três times tem o logo “Universidade Brasil” estampado no ombro dos jogadores. Ele também foi um dos patrocinadores da seleção brasileira de 2017 a 2018.
Resultado de oito meses de investigação, a operação apura um esquema de fraude na concessão do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) e na comercialização de vagas e transferência de alunos do Paraguai e Bolívia para o curso de medicina da Universidade Brasil, no campus de Fernandópolis, no interior de São Paulo.
Segundo as investigações da PF, “vagas para ingresso, transferência e financiamentos Fies para o curso estariam sendo negociados por até 120.000 reais por aluno”. Os investigadores calculam que cerca de 500 milhões de reais em bolsas do Fies e Prouni foram concedidas de forma irregular nos últimos cinco anos.
Costa foi preso em São Paulo e é apontado como o chefe do esquema. Em nota, a PF diz que ele “não só tinha conhecimento como também participava dos crimes em investigação”. Ao todo, a Justiça Federal de Jales (SP) expediu 22 mandados de prisão e 45 de ordem de busca e apreensão. Também foi determinado bloqueio de 250 milhões de reais dos alvos.
Eles são investigados pelos crimes de organização criminosa, falsidade ideológica, inserção de dados falsos em sistemas de informações e estelionato. Somadas, as penas podem chegar a 30 anos de prisão.
Em texto publicado no site do grupo educacional, a instituição destaca que entregou 250 bolsas de ensino presencial e à distância para pessoas de baixa renda “em razão do desempenho desses times no Campeonato Brasileiro”. Na nota, Costa é apresentado como um engenheiro de sucesso responsável pelas obras do Metrô de São Paulo, de uma barragem no Peru e do complexo bancário do Itaú, até que decidiu investir na área educacional.