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Paes ataca Crivella e defende construção de relação com Bolsonaro e Castro

Ex-prefeito e candidato à Prefeitura pelo DEM também disse que vai combater milícias por meio de estrangulamento financeiro

Por Marina Lang Atualizado em 27 out 2020, 13h56 - Publicado em 27 out 2020, 13h15
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  • Apontado como o favorito nas pesquisas de intenção de voto à Prefeitura do Rio de Janeiro, o ex-prefeito e candidato Eduardo Paes (DEM) atacou a atual gestão municipal e disse que trabalhará para construir um relacionamento com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), durante a segunda entrevista da série de sabatinas VEJA E VOTE na manhã desta terça-feira, 27.

    Nas primeiras declarações aos colunistas Dora Kramer e Ricardo Rangel e ao repórter Ricardo Ferraz, o candidato teceu críticas diretas à administração do atual prefeito, Marcello Crivella (Republicanos), que concorre à reeleição e está em segundo lugar nas pesquisas – tecnicamente empatado com Martha Rocha (PDT). Paes respondia sobre como atuaria para recuperar a economia da Prefeitura diante do cenário da pandemia do coronavírus.

    “Você tem um problema de gestão concreto na cidade, temos um prefeito despreparado que é incapaz de ordenar a cidade, de fazer a cidade avançar, de atrair investimentos. A isso se soma um problema grave de percepção. Isso não é trivial quando você busca investimentos, quando você busca recuperar a economia numa cidade com as características do Rio, a percepção é algo bem importante. A gente precisa de gestão (…) para que se possa atrair investimentos e, gradualmente, melhorar a economia”, disse ele, que antecedeu Crivella no cargo de prefeito durante o período entre 2009 e 2016.

    “O Rio não vive um problema fiscal, é uma incapacidade de gestão absurda sem busca de investimentos e sem aumento de tributos, o que é um absurdo diante de uma recessão”, garantiu.

    Economia, Previdência e Comlurb

    O candidato também afirmou que a cidade não vive um problema fiscal e que a dívida do município é baixa. “Quando você olha para todos os números da folha do Rio, dentro da Lei de Responsabilidade Fiscal, a divida do município é baixa, estamos com uma dívida de 60%, 65% das receitas correntes líquidas. Você tem um custeio que é perfeitamente absorvível, você não tem queda de arrecadação e de receitas próprias”, apontou.

    Em seguida, mirou a atual gestão novamente. “O Crivella, como ele não entende nada – e eu vejo isso quando ele faz afirmações – ele diz o seguinte: ‘a receita da Prefeitura diminuiu’. Não é verdade. O que você tem é uma diminuição das transferências voluntárias, fruto de uma capacidade menor de investimento do Governo Federal somadas a uma incompetência dele na articulação política ao não trazer recursos para a cidade”, disparou.

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    Quanto à folha de pagamento e à Previdência, ele disse que uma mudança de cálculo permitirá um equilíbrio na gestão já no primeiro ano de um eventual mandato do DEM.

    “Você tem que capitalizar fundo de previdência, ele [Crivella] já instituiu a cobrança dos inativos, dá para equilibrar isso fazendo uma capitalização do fundo mudando esse cálculo, e eu garanto fazer com que o custeio volte, que a folha volte a patamares adequados. A folha de salários, manter custeio e cuidar da previdência eu garanto que a gente faz no primeiro ano”, afirmou.

    Ele também disse que não privatizará a Comlurb, que cuida da limpeza urbana da cidade, “de jeito nenhum”: “É uma empresa eficiente. Boa parte do serviço da Comlurb é terceirizado. É um modelo que vem permanecendo e funciona desde que você faça a gestão correta”.

    Construção de relações com Bolsonaro

    Questionado por Dora Kramer sobre as relações pretende fomentar com o Governo Federal sendo que o DEM tenta emplacar um candidato do centrão para as eleições presidenciais de 2022, Paes elencou três governos anteriores pelos quais sua gestão passou.

    “Governei dois anos com Lula, cinco anos com a Dilma e um ano com o Michel Temer. Passaram por mim três presidentes. Relações são coisas que se constroem. Sou candidato a prefeito para defender os interesses da cidade do Rio de Janeiro”, afirmou.

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    “Construirei [relações] com o presidente Bolsonaro, construirei com o [governador interino] Claudio Castro, se é que o outro [Wilson Witzel, governador afastado] não volta. [Construirei] a melhor relação possível para defender os interesses do Rio de Janeiro”, prosseguiu.

    Enfrentamento à milícia

    Paes disse que vai atuar no estrangulamento financeiro dos grupos criminosos milicianos, criando propostas de legalização de vans na Zona Oeste e atuando no combate às construções irregulares.

    O candidato ponderou que, atualmente, a milícia do Rio difere dos tempos anteriores, em que era fundamentalmente composta por policiais, bombeiros e autoridades públicas. “A milícia não necessariamente são pessoas que vêm de dentro do governo e tem essa associação com o narcotráfico, principalmente com a Zona Oeste. O principal papel da prefeitura é ajudar no estrangulamento das atividades econômicas da milícia”, disse.

    “Nós vivemos um problema no sistema de segurança pública no Rio que vai permitindo que o estado perca o monopólio da força em certos espaços públicos na cidade, ora para a milícia, ora para o tráfico. Eu vou buscar exatamente isso, sufocar economicamente a atividade das milícias”, declarou.

    Quanto à penetração de milicianos no poder público, Paes ponderou que “obviamente, você precisa de uma ação policial para evitar que esses personagens estejam ali introduzidos”. “Meu papel como ator político é não ter contato com essas pessoas e não permitir que elas influenciem no jogo. É agir dentro da Prefeitura para impedir que isso aconteça. Mas essa é uma ação das forças de segurança pública”, analisou.

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    Ele também defendeu uma maior atuação da Polícia Federal no combate aos grupos milicianos criminosos. “Já que se parte da premissa que há envolvimento de autoridades de segurança pública com a milícia, seria interessante que as forças federais pudessem trabalhar com mais força nessa questão”, afirmou.

    Armar a Guarda Municipal

    Paes apresentou, também, uma proposta que não havia defendido nos últimos dois mandatos: armar uma parcela da Guarda Municipal do Rio.

    “Pretendo armar uma parte da Guarda Municipal, um grupo de elite com muito treinamento para que a Guarda possa ter um protagonismo maior na segurança, na presença, no policiamento ostensivo nos corredores comerciais, nos grandes corredores de fluxo de pedestres, até liberando a Polícia Militar para que ela possa cumprir tarefas que exijam um grau de ação maior” afirmou.

    O policiamento ostensivo, segundo ele, trará mais ordem para a cidade. Ele também lembrou que o programa Segurança Presente (uma associação entre a Guarda Municipal e a PM) começou em um dos seus mandatos no Centro do Rio – e que foi ampliado nos últimos quatro anos. “É nada mais, nada menos que policiamento ostensivo, presença da autoridade policial na rua, para permitir essa sensação de segurança e, óbvio, uma ação para coibir atos e delitos de pequeno porte”, disse.

    Transporte público

    O candidato do DEM propôs também uma integração tarifária dentro da malha de transporte público da cidade – integrando BRTs, metrô e ônibus. Ele também negou que a previsão de entrega do BRT Transbrasil, que corta a Avenida Brasil e ainda está em obras, fosse para 2016, e afirmou que pretende concluir a obra caso seja eleito.

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    “A obra começou no início de 2015 e era para ficar pronta no final de 2017. Não há uma entrega de obra do legado olímpico que não tenha sido entregue”, disse. Em seguida, criticou Crivella novamente. “Infelizmente, a incapacidade de gestão do Crivella fez com que essa obra não fosse concluída. É natural um certo atraso, que se atrase alguma coisa. Mas estamos passando por três anos de atraso”.

    Educação ante à pandemia

    “Esse é um dos maiores desafios de gestão”, disse o candidato do DEM após ser questionado sobre o gargalo educacional das escolas municipais por causa da pandemia do coronavírus. “A Prefeitura tem a maior rede de ensino da América Latina. São 650 mil crianças em 1.600 escolas. Ao longo deste ano não foi visto nenhum tipo de planejamento. Óbvio que esse fosso social entre os mais ricos e as crianças que vão à escola pública só aumentou”, prosseguiu.

    A campanha do candidato do DEM propôs a construção de um plano “Dois Anos em Um”, que vai consistir, segundo ele, em “muito reforço escolar”.

    “Vamos ter que fazer muito reforço escolar para que a gente permita essa recuperação dessas crianças. Precisamos disponibilizar acesso à internet a todas as crianças com tablets. E construir, com reforço e com as horas de aula, uma proposta que não permita que esse fosso social aumente ainda mais. Isso vai exigir muita capacidade de gestão, mas é perfeitamente possível fazer isso. Vai dar trabalho, mas é possível”, prometeu.

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