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Padre é preso (de novo) por pedofilia em SC

Religioso, cujo nome aparece ao final do filme Spotlight na lista de casos de pedofilia na Igreja Católica, é acusado de abusar de uma criança de dez anos

Por Ullisses Campbell
Atualizado em 5 ago 2016, 12h23 - Publicado em 5 ago 2016, 12h12
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  • A Polícia Civil de Minas prendeu na manhã desta sexta-feira (5), em Joinville (SC), o padre Bonifácio Buzzi, acusado de ter abusado sexualmente de uma criança de 10 anos na zona rural do município mineiro de Três Corações. Citado no filme Spotlight como exemplo de como a Igreja Católica acoberta casos de abusos sexuais, Buzzi já tinha sido condenado pela lei dos homens duas vezes, em 1995 e 2004. Quando recebeu a primeira sentença, ficou em prisão domiciliar por quatro anos após ser flagrado abusando de garotos com idades entre 10 e 15 anos dentro de um hospital psiquiátrico, em Minas. Em 2004 foi preso novamente por abusar de um menino de 11 anos. Dessa vez, Buzzi praticou sexo com o garoto logo após celebrar uma missa na cidade de Mariana (MG), onde era pároco. Foi julgado e condenado a 13 anos no regime fechado, mas ficou foragido até 2007, quando cometeu outro crime e foi capturado.

    O padre ganhou liberdade no ano passado após cumprir um sexto da pena e seguiu para a cidade de Três Corações, onde fez novas vítimas. Na lei divina, a punição aplicada a Buzzi foi bem mais branda. O salário de 2 800 reais foi cortado pela Igreja Católica, mas ele nunca teve as funções sacerdotais totalmente revogadas pelo Vaticano, onde responde a um processo canônico que ainda não foi concluído. Com uma carta de recomendação em mãos feita pela Arquidiocese de Juiz de Fora, o religioso conseguiu se recolocar na Associação Comunidade Evangelizadora Magnificat, no quilômetro 88 da Rodovia MG-167, no Sul de Minas. A entidade diz em seu site que usa o poder da eucaristia para evangelizar. Lá, Buzzi rezava missa no altar da instituição, ocupava um dos quartos, fazia refeições com outros padres e também era escalado fazer celebrações religiosas em comunidades carentes da zona rural.

    O padre não estava em casa no momento da prisão, ocorrida às 11h45. O delegado Pedro Paulo Marques, da Polícia Civil de Minas, viu que havia uma placa de “vende-se” no muro e ligou como se estivesse interessado no imóvel. Meia hora depois o padre chegou para negociar usando uma bicicleta. Ao receber voz de prisão, exclamou “Ai meu Deus” três vezes. Jurou que é inocente e disse aos investigadores que vai rezar mais. Buzzi foi levado de Joinville para o presídio de Três Corações.

    De acordo com o depoimento do seminarista Heverton Cesar Peixoto, que atua na mesma comunidade, Buzzi era convidado por outros padres para celebrar missas e esses mesmos sacerdotes faziam uma espécie de vaquinha para pagar um salário a ele. Segundo a delegada Ana Paula Gontijo, que comandou as investigações, o acusado se aproveitava do fato de atuar em um lugar distante para passar despercebido, já que o seu currículo de criminoso é conhecido. “Ele também pregava em escolas, centro comunitários e na casa de famílias católicas e recebia ajuda financeira da comunidade”, diz a delegada.

    O juiz Tarciso Moreira de Souza decidiu pedir a prisão do padre depois que leu o depoimento da vítima e de sua mãe. Segundo o menino relatou, o padre levou ele e dois amigos para uma pescaria por duas vezes. Ao chegar à beira do riacho, Buzzi dizia às crianças que havia esquecido de levar as minhocas que serviriam de isca e pedia que os dois amigos da vítima fossem atrás. Quando ficou a sós com o menino de 10 anos, Buzzi baixou a bermuda do garoto com a desculpa que iria procurar carrapatos em seu órgão sexual. Nas palavras do menino, “o padre botava a boca no seu pênis ao mesmo tempo que introduzia o dedo em seu anus”. A vítima disse ainda que Buzzi deu a ele uma lanterna e uma nota de dez reais para que não relatasse a prática sexual à sua mãe.

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    Na delegacia, a mãe do menino disse que já desconfiava – mas não queria acreditar – que o padre vinha abusando sexualmente do seu filho, pois era comum Buzzi ficar na sala assistindo televisão com o menino sentado em seu colo. Em uma das ocasiões, segundo depoimento da mãe, o padre estava deitado na cama com o menino embaixo de um cobertor. “Não imaginava que ele abusava do meu filho porque ele é padre e frequentava a minha casa para levar a palavra de Deus”, disse a mãe, que não quis ser identificada.

    Ela contou que só procurou a polícia depois que uma vizinha lhe mostrou um exemplar de VEJA que denuncia a prisão do padre Fabiano, na qual Buzzi é citado. A partir dessa denúncia, a polícia grampeou o telefone do padre com autorização judicial e passou a monitorá-lo, usando inclusive um sistema de rastreamento pelo celular que indica em tempo real o local exato onde ele se encontra.

    Buzzi é o segundo padre que foi parar atrás das grades denunciado por abuso sexual de vulnerável em menos de dois meses. Em junho, o pároco de Frutal (MG), Fabiano Gonzaga, foi preso em flagrante na cidade de Caldas Novas (GO) depois de forçar um menino de 15 anos a fazer sexo oral nele dentro da sauna de um clube.

    O padre foi preso às 11h45 por uma equipe comandada pelo delegado Pedro Paulo Marques, da Polícia Civil de Minas, em Joinville.

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