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“O Bruno estava num barril de pólvora”, diz delegado

Ex-superintendente da PF e ex-coordenador de Operações Especiais de Fronteira na Amazônia acredita que o desaparecimento esteja ligado ao tráfico

Por Hugo Marques Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 11 jun 2022, 13h49 - Publicado em 11 jun 2022, 11h30
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  • Mauro Sposito foi por oito anos superintendente da Polícia Federal no Amazonas e depois coordenador de Operações Especiais de Fronteira na região. Ele se aposentou como delegado em 2015 e hoje vive de advocacia. Conhece como poucos a região.

    A VEJA, Sposito falou de suas impressões sobre o que poderia ter acontecido com ambientalista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips, desparecidos há uma semana na região do Javari. Ele descarta a possibilidade de um acidente. Para o ex-delegado, se a canoa afundasse, vários vestígios já teriam sido encontrados no Rio.  O desaparecimento de Bruno e Dom, segundo ele, provavelmente está relacionado ao tráfico de drogas na região.

    Sposito ajudou a coordenar seis operações internacionais  no período em que estava na ativa, para tentar erradicar o cultivo de coca na região, especialmente no Peru. Para ele, são operações para “enxugar gelo”, pois o negócio rende muto dinheiro. Em 20 mil hectares de coca podem ser feitas quatro colheiras anuais, que renderiam por ano 3 bilhões de reais com venda de pasta-base de cocaína.

    Alguns traficantes possuem áreas pequenas, de 100 a 200 hectares, mas contratam muita gente para o plantio, geralmente indígenas. Na região, no lado peruano, diz Sposito, não há poder público e as pessoas se matam sem que haja nenhum tipo de investigação.

    Do lado brasileiro não há plantio de coca, diz Sposito, mas a cada safra os parentes dos índios peruanos são chamados no lado brasileiro para ajudar na colheita, em troca de roupas e alimentos. Ele acredita que Bruno e o jornalista possam ter sido confundidos com policiais ou mesmo os traficantes poderiam tê-los matado por medo de serem denunciados.

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    “O Bruno estava dentro de um barril de pólvora”, diz ele. O simples fato de o repórter eventualmente ter tirado uma foto de um traficante já poderia ser motivo de uma retaliação”, afirma o ex-delegado, que conhece o ambientalista de operações realizadas em conjunto com a Funai. “O Bruno só andava armado com uma pistola na cintura”, afirma.

    Sposito esteve em Atalaia pelo menos 50 vezes.  Segundo ele, a única divergência dos pescadores da região com o pessoal da Funai é a proibição de pesca nos rios Ituí e Itaquaí.  A área é de proteção ambiental, devido à existência de índios isolados. Mas Sposito não acredita que os possíveis matadores estivessem a serviço de pescadores. Por enquanto, o único suspeito preso é o ribeirinho Amarildo Oliveira.

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