Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Natureza cinco-estrelas

Nascido nas reservas de safáris da África, o glamping — mistura de “camping” com “glamour” — espalha suas tendas de alto luxo por todos os continentes

Por Fernanda Thedim
Atualizado em 2 nov 2018, 07h00 - Publicado em 2 nov 2018, 07h00

Para muita gente, acampar é sofrer montando e desmontando barraca, tentando se livrar da areia onipresente, passando calor e dividindo banheiro (quando há) com desconhecidos. Incômodos como esses, porém, estão longe do conceito do glamping — palavra que une “camping” a “glamour” —, que oferece a quem se dispuser a pagar muito bem um contato com a mãe natureza cercado de luxos. Dono de sete passaportes carimbados em mais de setenta países, o carioca Jayme Drummond, de 46 anos, apresentador de um canal de turismo no YouTube, acaba de viver a experiência: cinco dias em um, digamos, acampamento composto de seis cabanas de madeira decoradas com elementos locais — as cortinas, por exemplo, são do mesmo tecido usado nos barcos a vela da região — e com hóspedes mimados com o que há do bom e do melhor. A estrutura ocupa praticamente toda a extensão de Fanjove, minúscula ilha paradisíaca na costa da Tanzânia, no litoral leste da África. “O esquema é tipo Robinson Crusoé: ilha deserta, quarto coberto de palha integrado à paisagem, mas tudo cinco-estrelas”, diz Drummond.

Foi o continente africano que desbravou a oferta de acomodações de luxo no mundo selvagem — no caso, as reservas que oferecem safáris. Trata-se de uma herança dos colonizadores que, no passado, se embrenhavam na floresta para caçar levando consigo criados, cozinheiro e acomodações decentes. A concorrência foi catapultando às alturas o conceito de luxo, e é na estratosfera que se encontra o “camping” Mahali Mzuri, a 240 quilômetros de Nairóbi, a capital do Quênia. Localizado no deslumbrante ecossistema da reserva do povo massai mara, o hotel tem apenas doze tendas erguidas no meio do mato — cada uma, para duas pessoas, com 106 metros quadrados, cama king-size e lençóis de algodão egípcio. Os hóspedes ainda contam com piscina de borda infinita, refeições assinadas por chefs e massagens com óleos aromáticos. Diária: 6 000 reais. O dono, o inglês Richard Branson, do grupo Virgin, é hóspede frequente.

QUENTINHO - Quarto do Whitepod: iglu no meio da neve, nas montanhas suíças (./Divulgação)

Nos últimos anos, diante do crescimento do mercado de turismo de luxo, o glamping vem ganhando o mundo, de Queensland, na Austrália, a Siena, na Itália, passando por Suíça e Estados Unidos. O último relatório de tendências produzido pelo grupo Virtuoso, rede mundial de consultores de turismo cinco-estrelas, coloca o acampamento ultrassofisticado entre os cinco tipos de acomodação mais promissores do setor. “A grande atração é a autenticidade. O turista de alto poder aquisitivo não se importa de pagar caro por uma experiência que ele vê como transformadora”, explica Simone Scorsato, diretora da Associação Brasileira de Viagens de Luxo. O site glamping.com lista mais de 800 hotéis do gênero, quatro deles no Brasil, aonde a moda começa a chegar. No Korubo, fincado no Vale do Jalapão, no Tocantins, quinze tendas para duas pessoas, confortáveis e bem equipadas, servem de base para a exploração de dunas, mirantes e cachoeiras. O pacote para cada cinco dias, que inclui alimentação e passeios, sai por 2 580 reais por pessoa.

Continua após a publicidade
CHÃO ATAPETADO - Tipi no Colorado: autêntico por fora, moderno por dentro (./Divulgação)

Na Europa, destaca-se o Whitepod Eco Luxury, situado no sopé da Cordilheira Dents du Midi, o início dos Alpes suíços. No meio da neve, a 45 quilômetros de carro de Montreux, quinze “iglus” muito bem aquecidos, montados sobre plataformas de madeira, recebem hóspedes dispostos a pagar diárias a partir de 2 000 reais por isolamento, conforto e vista deslumbrante. As acomodações no sistema glamping variam dentro do matiz exótico — vão de tendas, cabanas e iglus a yurts (a estrutura circular típica dos nômades da Mongólia) e tipis, como são chamadas as barracas dos índios americanos. É nestas (e também em tendas em galhos de árvore e em “bolhas” com teto transparente, para ver o céu estrelado) que se acomodam os frequentadores do Bison Peak Lodge, que fica nas montanhas do Estado do Colorado, nos EUA. Os tipis são decorados com desenhos feitos a mão, o chão é coberto de tapetes artesanais e no espaço caberia quase uma tribo inteira. A diária, de 800 reais por pessoa, inclui pescarias, passeio de caiaque e fogueira para assar marshmallow no fim do dia. Esse programa de índio compensa.

Publicado em VEJA de 7 de novembro de 2018, edição nº 2607

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.