‘Não é loucura de ministra fundamentalista’, diz Damares sobre campanha
Ministra rebateu críticas ao seu projeto de estimular a abstinência sexual como método de prevenção da gravidez precoce
Em entrevista coletiva para divulgar a campanha que estimula a abstinência sexual como método de prevenção para a gravidez precoce, a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, afirmou, na tarde desta segunda-feira, 3, que o assunto vinha sendo debatido há um ano e “não nasceu de um insight, de uma loucura de uma ministra fundamentalista”.
Entre as principais mensagens da campanha está uma clara menção ao adiamento da iniciação da vida sexual entre os adolescentes: a hashtag usada é “Tudo tem seu tempo”, apesar de Damares ter negado essa intenção em relação à campanha diversas vezes nas últimas semanas, quando aumentaram as reações negativas à proposta.
Alvo de polêmica, a campanha foi lançada nesta segunda-feira como parte das ações para marcar a Semana Nacional de Prevenção à Gravidez Precoce, iniciada no último dia 1º e criada em janeiro do ano passado em uma das primeiras leis promulgadas pelo presidente Jair Bolsonaro. Com isso, abriu espaço dentro do governo para o desenvolvimento de ações que incluam a abstinência sexual como estratégia para reduzir a taxa de gestações na adolescência. “Isso nos impulsionou a buscar experiências, a tentar alternativas para mudar o que está aí hoje. A proposta de retardar a medida da iniciação sexual é o novo, é a nova proposta. E nunca foi tentada aqui”, disse Damares a VEJA.
Damares e o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, concordaram em mudar a data da Semana Nacional de Prevenção à Gravidez Precoce já que, no início de fevereiro, as escolas estão em recesso, além da proximidade com o Carnaval, o que atrapalha a divulgação das ações, segundo os ministros. Mandetta sugeriu o mês de junho por causa do Dia dos Namorados. Ele também comentou o clima acalorado em torno do assunto. “Parece que tem um Botafogo x Vasco”, disse em referência a dois dos grandes clubes do Rio.
Neste primeiro dia de campanha, o site oficial criado pelo Ministério da Saúde para divulgar informações sobre formas de prevenir a gravidez na adolescência estava fora do ar. Entre as sugestões da campanha está a de que os jovens procurem postos de saúde para se informar sobre método contraceptivos ou acessar o site oficial do ministério. Procurada, a pasta ainda não respondeu.
Até o fim do ano, o ministério de Damares pretende lançar o Plano Nacional de Prevenção ao Risco Sexual Precoce, que prevê a contratação de uma consultoria que vai avaliar resultados de países que mantêm a recusa ao sexo como método de controle de gravidez entre adolescentes, como Uganda, Chile e Estados Unidos. O plano terá uma versão-piloto a ser desenvolvida em escolas públicas e unidades de saúde em três municípios e, depois, replicada para o restante do país.