Ter tornado público o seu namoro com um ex-morador de rua, Paulo Sérgio Rodrigues Martins, fez de Soninha Francine uma sensação na Parada Gay, realizada neste domingo, em São Paulo. “Precisa ver quanta gente me cumprimentou na Parada! Uma coisa de identificação, muito legal”, conta a vereadora, que conheceu Paulo Sérgio há quatro anos na rua, em uma ação social com dois amigos budistas. Depois de viver 20 anos sem endereço, ele estava “imundo”, com “barba desgrenhada” e era alcoólatra, mas ela se apaixonou no ato e investiu na relação. Hoje, Paulo Sérgio mora com ela.
“Eu cada vez mais fujo das repercussões, mas elas acabam aparecendo na minha frente no Facebook, no Whatsapp, nos comentários sobre os comentários. Eu já estava esperando que fosse bem pior! Me surpreendeu ter sido cumprimentada por tanta gente – por algo que, em si, nem devia ser motivo de cumprimento, eu ‘apenas’ me apaixonei por uma pessoa com história muito complicada, de vida na rua e alcoolismo”, diz Soninha. “Muitos acharam bonito o relacionamento; outros acharam bom eu ter contado. As reações ruins eu já tinha tido muitas ao longo dos anos.”
As reações ruins a que Soninha se refere vieram da própria família, que, segundo ela, recebeu a notícia do namoro “com medo e preocupação”. “Já estavam razoavelmente habituados ao meu jeito meio heterodoxo de ser, desde sempre enfiada em malocas e favelas e envolvida bem de perto com pessoas ‘difíceis’ ou em sérias dificuldades. Mas ter me envolvido a esse ponto – me apaixonar por uma delas – fez com que pensassem, seriamente, que eu estava louca a ponto de precisar tratar”, diz.
A maior resistência foi da mãe e das filhas. “Era como se a minha família não estivesse me reconhecendo. E eu, tipo, ‘Ei, sou eu!!! Vocês esqueceram?’.”
A João Doria Jr., de quem foi secretária de Assistência e Desenvolvimento Social por cerca de cem dias, até ser demitida em um vídeo constrangedor comandado pelo tucano, ela não chegou a apresentar Paulo Sérgio. “O Paulo esteve comigo em muitos eventos de campanha, inclusive nos dois ou três de que participei junto com o prefeito. Não sei se percebeu que era meu marido, mas alguém deve ter contado depois. De todo modo, ele nunca olhou torto – coisa que acontece muito”, diz.