Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Continua após publicidade

Moro tem mandato em risco e vê rivais no Paraná já em disputa por vaga

A expectativa de uma cadeira vaga no Senado mobiliza uma legião de oponentes

Por Laísa Dall'Agnol Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 10h17 - Publicado em 8 jul 2023, 08h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Alçado à condição de herói nacional no auge da Lava-Jato, o ex-juiz Sergio Moro fez um ousado movimento ao deixar a toga para ser ministro da Justiça de Jair Bolsonaro. Mesmo após uma ruidosa saída do governo e em meio ao declínio da credibilidade da operação anticorrupção, levou o seu nome ao tabuleiro eleitoral e chegou a pontuar em terceiro na pré-corrida presidencial, antes de abandonar a disputa (ou de ser abandonado). Acabou senador, com 1,9 milhão de votos, depois de uma campanha confusa, que envolveu trocas de partidos (Podemos pelo União) e até de domicílio (do Paraná para São Paulo e novamente para o Paraná). Vitorioso, apesar de todos os percalços, chegou ao Congresso sob a desconfiança da classe política e viu alguns de seus companheiros de jornada, como o ex-­procurador Deltan Dallagnol e o próprio Bolsonaro, serem abatidos politicamente. Agora é ele quem está sob o fogo cruzado de adversários e ex-aliados e, por ironia, nas mãos da mesma Justiça que o alçou ao estrelato.

    Em uma “aliança” para lá de improvável, o PL de Bolsonaro e o PT de Lula se uniram no Paraná para pedir na Justiça Eleitoral a cassação da chapa de Moro por abuso de poder econômico, caixa dois, irregularidades em contratos e uso indevido dos meios de comunicação — infrações que ensejam a perda do registro. Se isso ocorrer, uma nova eleição terá de ser realizada. Embora o desfecho do caso esteja longe do fim, a expectativa de uma cadeira vaga no Senado já mobiliza uma legião de rivais, em uma espécie de pré-campanha aberta no Paraná. Só no PT há três postulantes: a presidente nacional da legenda, Gleisi Hoffmann, o ex-governador Roberto Requião e o deputado Zeca Dirceu. Também se movimentam o ex-senador Alvaro Dias (Podemos) — que já foi senador por quatro mandatos e foi derrotado por Moro —, o ex-­ministro Ricardo Barros (PP) e o ex-­deputado Paulo Eduardo Martins (PL), que ficou em segundo na eleição de 2022.

    DE OLHO - Gleisi: apoio de Janja e concorrência interna no PT do seu estado
    DE OLHO - Gleisi: apoio de Janja e concorrência interna no PT do seu estado (Fátima Meira/Futura Press)

    O risco que Moro corre é real. Os processos do PL e do PT foram unificados pelo Tribunal Regional Eleitoral e estão na fase de colheita de provas e de arrolamento de testemunhas. Uma das acusações é a de que Moro extrapolou o teto de gastos porque usou a sua posição como presidenciável (chegou a fazer pré-campanha) como um estratagema para migrar para uma disputa mais fácil, “ferindo a igualdade de condições entre os concorrentes ao cargo”. Somados, os gastos dele chegaram a 6,7 milhões de reais, sendo que o teto para o Senado é de 4,4 milhões de reais. A ação do PL também pede a investigação de contratos que considera de “cunho eleitoral” firmados por Moro com o escritório de advocacia de seu suplente, Luis Felipe Cunha, de 1 milhão de reais. O desfecho pode ser parecido com o da ex-senadora Selma Arruda (Podemos-MT), uma ex-juíza conhecida como ‘Moro de saias’, cassada por abuso de poder econômico e uso ilegal de dinheiro do seu suplente em 2018, crimes que agora assombram Moro.

    A pré-campanha fora de hora no Paraná já chegou até ao entorno do presidente Lula. Há pouco mais de uma semana, a primeira-dama, Janja da Silva — que é do Paraná —, chamou Gleisi em um post nas redes sociais de “futura senadora”, um gesto que irritou Moro. Ex-senadora, Gleisi é uma das pessoas mais poderosas do PT e não deve ter dificuldades para confirmar o seu nome, mesmo tendo concorrência interna no estado. “Não queremos ter prévias e vamos fazer de tudo pra que isso seja feito em consenso”, diz o deputado estadual Arilson Chiorato, presidente do PT paranaense e ex-assessor de Gleisi em Brasília.

    Continua após a publicidade
    RETORNO - Alvaro Dias: derrotado em 2022, quer tentar um quinto mandato
    RETORNO - Alvaro Dias: derrotado em 2022, quer tentar um quinto mandato (Antonio Molina/Fotoarena/.)

    No campo bolsonarista, o principal competidor é Paulo Eduardo Martins. Por ter ficado logo atrás de Moro, ele herdaria a vaga até que uma nova eleição ocorresse, como em Mato Grosso, quando Carlos Fávaro, hoje ministro da Agricultura, assumiu de forma interina até vencer a eleição suplementar em 2022. “Seria natural a minha candidatura. Não tem como eu estar no mandato e dizer que não vou concorrer”, diz Martins. Isolado politicamente desde a derrocada da Lava-Jato, Moro confia na Justiça e disse a VEJA que as acusações são baseadas em “fantasias e especulações sem provas”. Ele acusa dirigentes do Podemos de tentativa de vingança por ele ter deixado a sigla — um dos advogados do PL atuou em ações do seu ex-partido. “Eu já era conhecido pelo meu trabalho como juiz e ministro e não precisaria de uma falsa pré-candidatura presidencial para ganhar notoriedade no Paraná”, afirma. E criticou a postura do petismo. “O PT, pelo jeito, só acredita nas eleições e na democracia quando seu candidato é vencedor. Querer cassar levianamente o mandato de um senador oposicionista representa um perigoso precedente autoritário”, reclama.

    A confusão envolvendo Moro mostra que, depois de todos os reveses que a operação sofreu, a Lava-Jato continua sob ataque cerrado. A queda do principal nome da maior ofensiva anticorrupção da história do país seria o capítulo final de uma saga, que já teve a improvável reabilitação política de Lula e a ascensão de seu advogado, Cristiano Zanin, a ministro do STF. Se a derrota de Moro ainda gerar uma vaga de senador para o PT, seria a confirmação final do ditado de que, no Brasil, até o passado é incerto.

    Publicado em VEJA de 12 de julho de 2023, edição nº 2849

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

    a partir de 39,96/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.