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Militares querem evitar Justiça comum em intervenção no Rio

Cúpula das Forças Armadas quer dar caráter militar às ações realizadas com as tropas federais no estado

Por Estadão Conteúdo Atualizado em 13 mar 2018, 17h56 - Publicado em 22 fev 2018, 20h07

Preocupada com a segurança jurídica das operações no Rio, a cúpula das Forças Armadas defende dar caráter militar a todas as missões realizadas com a participação das tropas federais. O objetivo é evitar que casos envolvendo militares sejam levados à Justiça comum.

Os comandantes de operações ainda vão pedir que, em todas as ações, haja a participação de integrantes do Ministério Público e do Poder Judiciário. Com isso, alguns militares avaliam que discussões sobre a concessão de mandados coletivos seriam reduzidas, pois haveria uma “compreensão” maior de como ocorrerão as ações.

O Exército tem evitado dar detalhes da intervenção no Rio, que terá à frente o comandante Militar do Leste, general Walter Braga Netto. O Exército justifica que o planejamento ainda está em andamento. A principal preocupação é definir as chamadas “regras de engajamento” para o emprego da tropa, que definem o que o soldado pode e o que não pode fazer. Os militares lembram que existem problemas para interpretação de leis e, ao deixar as regras claras, evitarão interpretações divergentes.

Conduta

As regras de engajamento orientam a conduta individual e coletiva dos integrantes das forças e ajudam a dar segurança jurídica. Os militares ressaltam que, em hipótese nenhuma, haverá “autorização para matar”. Um oficial general lembra que o Exército atuou no Haiti com sucesso porque ali existiam regras claras de conduta, estabelecidas pela Organização das Nações Unidas (ONU), em que o soldado sabia como e quando agir.

Para dar apoio ao general Braga Netto, até mesmo nas questões jurídicas, o Exército decidiu criar uma espécie de sala de situação e acompanhamento da intervenção no Rio, que deverá funcionar no Setor Militar Urbano, em Brasília. Uma equipe de plantão se revezará para acelerar o atendimento das necessidades dos militares no Rio.

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Braga Netto ficará, a princípio, até esta sexta-feira (23), em Brasília, onde participa da reunião do Alto Comando do Exército. Ao mesmo tempo, traça as ações de planejamento das operações, que serão comandadas por ele.

Pendências

O procurador-geral de Justiça Militar, Jaime de Cassio Miranda, informou nesta quarta-feira (21), que designou dois membros da Procuradoria para acompanhar as ações da intervenção.

No Rio, a advogada-geral da União, ministra Grace Maria Fernandes Mendonça designou três advogados para ajudar os militares a resolver pendências como a definição sobre compras de munição, coletes a prova de bala e combustível para a PM fluminense.

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Os generais querem saber se recursos federais podem ser usados e quem vai ficar com os equipamentos adquiridos. Além disso, o CML se reuniu com o Ministério Público Militar, que deve designar dois procuradores (um deles da área de direitos humanos) para acompanhar as ações das Forças Armadas.

Entre outras dúvidas, os militares querem saber onde serão processados os policiais militares que, por acaso, cometam delitos em companhia das Forças Armadas. O Comando deve ainda fazer reunião com a Federação das Indústrias do Rio (Firjan) e com o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do estado. Por fim, o general Braga Netto pode antecipar seu retorno ao estado, pois pode desembarcar hoje no Rio de Janeiro.

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