Uma pesquisa feita pelo Instituto Patrícia Galvão, em parceria com o Instituto Locomotiva, indica que metade dos brasileiros concorda que uma mulher que interrompe intencionalmente a gravidez deve ir para a cadeia — 38% dos entrevistados se opõe à punição. O levantamento ouviu 1.600 homens e mulheres a partir de 16 anos. O cenário muda quando a gestante é um familiar ou amiga: nessa situação, 47% das pessoas não fariam nada caso descobrisse o aborto e apenas 7% chamaria a polícia.
Além disso, 8 em cada 10 brasileiros acreditam que o assunto é uma questão de direitos humanos e saúde pública, enquanto 1% acha que é caso de polícia. O assunto está sendo debatido pela Câmara dos Deputados na Proposta de Emenda a Constituição (PEC 181/2015), que estabelece a proibição de todas as formas de aborto no país. Inicialmente, a matéria tratava da ampliação da licença maternidade às mães com bebês prematuros, mas o texto foi alterado pelo deputado Jorge Tadeu Mudalen (DEM-SP).
Apesar da maioria dos entrevistados serem contrários à prática, 8 em cada 10 declaram concordar o aborto em situações específicas como em casos de gravidez não planejada, quando o feto é o resultado de estupro ou quando a gestante é menor de 14 anos.
A pesquisa ainda mostra que quanto maior o nível de escolaridade, maior o percentual de pessoas favoráveis a ideia de que as mulheres possam escolher dar prosseguimento à gestação ou não. Dentre os que concluíram o ensino superior, 35% são favoráveis à liberdade de escolha da mulher. Este índice cai entre as pessoas que possuem ensino superior fundamental: 22%.