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Mesmo com fratura, mulher agredida por PM ficou detida um dia em São Paulo 

Vídeo mostra soldado pisando no pescoço de uma comerciante negra de 51 anos para imobilizá-la em Parelheiros, periferia de São Paulo; policial foi afastado

Por Da Redação Atualizado em 13 jul 2020, 14h01 - Publicado em 13 jul 2020, 13h44
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  • Uma mulher de 51 anos ficou detida por um dia em São Paulo, mesmo com uma fratura em sua tíbia na perna esquerda decorrente de uma abordagem policial em Parelheiros, na Zona Sul de São Paulo, no dia 30 de maio. O caso foi divulgado na noite deste domingo 12, em uma reportagem do Fantástico, da TV Globo.

    Em vídeos que circulam nas redes sociais, um policial militar aparece pisando no pescoço da vítima, uma comerciante negra, para imobilizá-la. Em determinado momento, a mulher é arrastada algemada pelo asfalto, até a calçada. O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), disse que as imagens divulgadas “causam repulsa” e que os policiais envolvidos na agressão já foram afastados e responderão a inquérito. 

    O advogado Felipe Pires Morandini, que representa a vítima, que prefere não se identificar por medo de sofrer retaliações, disse a VEJA que sua cliente foi levada a um pronto-socorro para um atendimento de emergência. Após os primeiros cuidados, a mulher foi encaminhada ao 101º Distrito Policial, no Jardim das Imbuias, na Zona Sul de São Paulo, onde permaneceu detida até o dia seguinte, 1º de junho.

     

    Os policiais foram acionados por vizinhos na tarde de 30 de maio. Na ocasião, um dos clientes do bar administrado pela vítima estacionou um veículo em frente ao estabelecimento e ligou um som alto, o que causou incômodo dos moradores. Em razão da pandemia do novo coronavírus, o local não poderia estar aberto, mas a mulher alega que os consumidores apenas retiravam os produtos no balcão, sem consumo no pequeno salão.

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    Segundo Morandini, a vítima está com a mobilidade afetada, se locomove com o auxílio de muletas, e está psicologicamente abalada com a agressão. Apesar da fratura, a cirurgia só foi realizada após a soltura – a mulher recebeu 16 pontos na perna esquerda.

    O defensor diz, ainda, que a prioridade da defesa será absolver a vítima. O boletim de ocorrência foi registrado como desacato, lesão corporal, desobediência e resistência da comerciante – ela nega as acusações. 

    Comparações

    A revelação do caso provocou indignação nas redes sociais, principalmente por lembrar o ocorrido com George Floyd, um afro-americano que morreu em 25 de maio de 2020 depois que Derek Chauvin, então policial de Minneapolis – ele foi demitido após o episódio -, o imobilizou colocando o joelho sobre o seu pescoço por vários minutos.

    Internautas também compararam o tratamento dado pelo PM a uma mulher negra da periferia paulistana com a inação demonstrada por um policial que foi humilhado por um homem branco em junho em Alphaville, uma região de alto padrão na Grande São Paulo. O empresário Ivan Storel chegou a ser denunciado pelo Ministério Público por desacato e por se opor à execução de ato legal – a polícia havia sido chamada pela esposa dele, que temia ser agredida. O termo “Alphaville” foi um dos trending topics (assuntos mais comentados) no Twitter na manhã desta segunda-feira.

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