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Mapa do tráfico: Bonde dos 40 e PCM disputam venda de crack em São Luís

Facções criminosas que nasceram da rivalidade entre detentos do interior do Estado e da capital hoje disputam o monopólio do tráfico de drogas

Por Felipe Frazão 11 jan 2014, 21h22
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  • As duas principais facções criminosas do Maranhão, o Bonde dos 40 e o Primeiro Comando do Maranhão (PCM), travam uma batalha dentro e fora dos presídios do Estado. Nas ruas da Região Metropolitana de São Luís, a capital maranhense, os grupos rivais desafiam a polícia diariamente na disputa pelo controle de favelas e pontos de venda de crack. Para o governo maranhense e a cúpula da Polícia Civil, a guerra do tráfico está por trás da onda de homicídios e latrocínios no Estado.

    Os líderes do Bonde dos 40, a sanguinária facção que promoveu decapitações no presídio de Pedrinhas, estarão na lista de detentos que serão transferidos para presídios federais. As Secretarias de Justiça e Administração Penitenciária e da Segurança Pública já prepararam uma lista e a submeteram à avaliação da Vara de Execuções Penais da Justiça maranhanse. Entre os prováveis transferidos estão os criminosos Allan Kardec Dias Costa e Giheliton de Jesus Santos, o “Gil”, Hilton John Alves Araújo, o “Praguinha”, Jorge Henrique Amorim Martins, o “Dragão”, e Wilderlei Moraes, o “Paiakan”.

    “Estamos percebendo que o PCM está tentando aproveitar que os líderes do Bonde estão presos para dominar a área deles”, diz o subdelegado-geral da Polícia Civil, Marcos Affonso.

    “Ainda não há uma hegemonia entre eles, as facções brigam por espaço aqui em São Luís, que é o foco do tráfico”, afirma a superintendente de Polícia Civil da capital e região metropolitana, Katherine Chaves.

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    Facções: Bonde dos 40 PCM

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    Influências – Inspirados e próximos ao Primeiro Comando da Capital (PCC), de São Paulo, os integrantes do PCM criaram a facção com criminosos do interior do Maranhão, os chamados “baixadeiros”, por atuarem na Baixada Maranhense. Eles montaram um estatuto próprio baseado no do PCC – com dizeres como “irmão ajuda irmão” – e organizaram uma hierarquia própria. Os “soldados” (bandidos com menos cinco anos no crime organizado) e os “torres” (aqueles com mais tempo na quadrilha) só agem segundo as ordens do “conselho”, a cúpula da facção. Quem não obedece é considerado traidor e condenado à morte. Os que passam pelo sistema prisional tem o hábito de tatuar no antebraço as palavras “paz, justiça e liberdade” – lema do PCM.

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    O PCM mantém o controle da venda de crack e maconha nos bairros do Coroado, Coroadinho e Pocinha. A droga já é refinada em “laboratórios” do Maranhão. A quadrilha também pratica assaltos a banco e roubos, mas age com mais discrição. “O que os sustenta mais é o tráfico, mas eles fazem muitos assaltos pesados também”, diz o subdelegado-geral.

    A facção mais violenta é o Bonde dos 40, que reúne – com menos organização – uma série de bandos que atuavam em bairros diferentes e distantes de São Luís, sobretudo as áreas de palafitas. As áreas de domínio do grupo criminoso são citadas em letras de funk maranhense, como o bairro de Fátima e Vila Embratel. A inteligência da Polícia Civil já identificou que o bando ampliou sua organização, criando um conselho de líderes. Eles também estão formando pontes com traficantes do Rio de Janeiro, segundo a polícia.

    “O Bonde dos 40 começou desorganizado, como uma revolta contra o PCM, que queria exclusividade no fornecimento de drogas”, diz Affonso. “Eles tentaram se unir, mas o Bonde não aceitou.”

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    Em julho, a Polícia Civil apreendeu um livro com a contabilidade do tráfico. Nele, os investigadores acharam registros de quanto a quadrilha arrecadava por mês: 150.000 reais com a venda de crack e assaltos. O dinheiro é usado em pagamento de advogados, para sustentar o tráfico e ajudar as famílias de “irmãos” – como eles se chamam – presos. O inimigo é o tradicional “alemão”, termo muito usual no Rio de Janeiro.

    Em escutas telefônicas, o setor de inteligência da Polícia Civil identificou que os líderes do Bonde dos 40 ordenaram por um “salve geral” os ataques a vinte ônibus, delegacias e decretaram a morte de policiais militares. A onda de terror terminou com a morte da menina Ana Clara, de seis anos. “É uma retaliação, tentativa de intimidar e desestabilizar a polícia”, diz Katherine.

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