Com IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) e PIB (Produto Interno Bruto) per capita superiores ao do Brasil, o Uruguai tem atraído profissionais em busca de mais qualidade de vida. Com população equivalente ao estado do Mato Grosso (3,5 milhões), o vizinho tem assistido ao crescimento no número de pessoas que atravessam a fronteira em busca de melhores oportunidades. De acordo com estimativas do Itamaraty, a quantidade de brasileiros no país mais que dobrou entre 2018 e 2020.
Reportagem de VEJA mostra que a comunidade brasileira no exterior nunca foi tão grande e atingiu 4,2 milhões de pessoas no ano passado — número que só não foi maior em razão da pandemia que fechou aeroportos e restringiu a circulação no mundo todo. Países como Irlanda, Austrália, Portugal têm ganhado espaço nos planos de quem quer ir embora. No caso do Uruguai, o número de brasileiros passou de 19.345 para 43.412.
O país ocupa a 55ª posição no ranking do IDH desenvolvido pelas Nações Unidas (0,817 ponto, duas posições acima de 2019), à frente do Brasil, que ocupa a 84ª posição (0,765 ponto, cinco posições abaixo do ano anterior).
Foi a economia mais estável e uma oportunidade de emprego melhor que levaram o engenheiro Everton de Almeida Lucas, 31, a instalar-se em Montevidéu, onde trabalha em uma empresa energia eólica, concluiu um mestrado e dá aulas no ensino superior. “Aqui, o setor produtivo está mais próximo das universidades e os programas de incentivo educacional não mudam conforme o governo”, compara.
A professora de línguas Patrícia Pauli Costa, 32, foi quem levou o marido uruguaio, que trabalha para uma empresa brasileira, de volta ao país no final de 2018. “Procurávamos mais qualidade de vida e segurança, sem ter que nos preocupar com assaltos ao sair da casa”, conta ela, que deixou Porto Alegre e hoje se diz aliviada com a escolha ao comparar a gestão da crise sanitária da Covid-19 pelo governo brasileiro. “Todos os professores já receberam a terceira dose e meu filho ficou cerca de três meses sem aula no início da pandemia.”
Maconha
O país que se notabilizou por levar adiante pautas progressistas como a legalização das drogas e do aborto no governo de Pepe Mujica também atrai brasileiros que apostam no crescimento do negócio da maconha. Segundo dados do Instituto de Regulação e Controle da Cannabis, o governo do país conta com 54 mil pessoas habilitadas, entre compradores e cultivadores.
O empresário paranaense Jonas Rossatto, 33, mudou-se para o país e criou uma startup, a Cannabis Flow, que desenvolveu um app para quem quer evitar filas nas farmácias autorizadas e software de gestão de empresas do setor. Ele também é sócio da Weed Tour, uma agência especializada em passeios que incluem roteiros de degustação dos diferentes tipos de maconha.
“Para ficar num exemplo, o mercado canábico movimenta uma cadeia de produção de valor agregado semelhante ao das vinícolas, com passeios que envolvem do produtor da erva ao motorista que leva o pessoal. O setor como um todo já movimenta 10 milhões de dólares no país”, afirma.