Mais de um terço dos trabalhadores brasileiros ganham até um salário mínimo, revela Censo 2022
Levantamento do IBGE mostra persistência das desigualdades salariais por sexo, cor e região

Mais de um terço dos trabalhadores do país, 35,3%, recebem até um salário mínimo, segundo dados do Censo 2022 divulgados nesta quarta-feira, 9, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O levantamento mostra ainda que, em 9,3% dos municípios brasileiros, a média do rendimento mensal do trabalho não chega sequer a esse piso. As informações detalham o cenário do emprego e da renda no Brasil e refletem a persistência das desigualdades entre regiões, gêneros e grupos raciais.
Nordeste, com 45,6%, e Norte, onde esse percentual vai a 48,4%, são as regiões onde a taxa de ocupação no Brasil chega a seus menores níveis. Sudeste (56,0%) e Centro-Oeste (59,7%) têm níveis parecidos, enquanto o Sul, com 60,3%, tem o melhor cenário nesse indicador. Se considerada a população com 14 anos ou mais em todo o país, a ocupação média é de 53,5%.
O índice atinge seus picos em cidades com menos de cinco mil habitantes, casos de Fernando de Noronha (PE), líder desse ranking com 82,9% da população ocupada, seguido por Serra Nova Dourada (MT, 78,2%) e Vila Maria (RS, 78,4%).
No recorte de gênero, a desigualdade entre homens e mulheres permanece evidente: em 2022, 62,9% dos homens estavam ocupados, ante 44,9% das mulheres. A diferença se mantém se considerado também o recorte racial. Entre os homens, o nível de ocupação variou de 64,6% (pretos) a 61,3% (pardos); entre as mulheres, de 47,4% (brancas) a 42,1% (pardas). Na população indígena, os índices são ainda menores — 48,1% dos homens e 30,8% das mulheres estavam em atividade, no momento do levantamento.
Se considerada a escolaridade, o cenário se inverte e as mulheres apresentam melhor desempenho: 28,9% das trabalhadoras têm ensino superior completo, ante 17,3% dos homens. Mesmo assim, a vantagem educacional não se traduz em igualdade de rendimentos. Com diploma universitário, os homens ganham em média R$ 7.347, enquanto as mulheres recebem R$ 4.591. O estudo também mostra que as pessoas de cor amarela possuem os rendimentos mais altos (R$ 5.942), enquanto as indígenas estão na base da escala (R$ 1.683).
Apesar de representarem 43,6% da população ocupada, as mulheres predominam em algumas áreas específicas. São 60,8% entre os profissionais das ciências e intelectuais, 64,9% entre os trabalhadores de apoio administrativo e 58,9% no comércio e serviços. Já em setores como construção (3,6%), transporte (9,3%) e forças de segurança (9,3%), sua presença é mínima. Os homens, por sua vez, dominam as ocupações industriais e técnicas.
O levantamento também destaca as disparidades regionais de renda. O rendimento domiciliar per capita médio no país é de R$ 1.638, mas chega a R$ 4.300 em Nova Lima (MG) e despenca para R$ 289 em Uiramutã, cidade de Roraima. O Distrito Federal lidera entre as unidades da federação, com R$ 2.999, enquanto o Maranhão tem o menor valor, R$ 900.