Com o voto do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, foi aberta neste domingo a eleição dos representantes da Assembleia Nacional Constituinte, um órgão que terá poderes ilimitados para promover reformas e mudar o ordenamento jurídico do país. A chegada do presidente ao centro de votação foi transmitida ao vivo pela emissora estatal VTV, com o slogan “Primeiro voto pela paz”. Maduro votou pouco depois das 6h locais (7h em Brasília), quando estava previsto a abertura das urnas.
“Quis ser o primeiro voto pela paz, pela soberania e pela independência da Venezuela. Hoje é um dia histórico”, disse Maduro após votar, acompanhado de alguns observadores internacionais que foram convidados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE). O segundo voto foi dado pela primeira-dama, Cilia Flores, também candidata à Assembleia Constituinte.
As eleições para a Assembleia Nacional Constituinte, que não contam com a participação da oposição, ocorrem apesar da rejeição de grande parte dos setores sociais do país e da comunidade internacional. Protestos contra a medida iniciados em abril já deixaram 109 mortos, milhares de feridos e quase 5 000 presos.
A presidente do Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela (CNE), Tibisay Lucena, informou neste domingo que 80% dos centros de votação para a eleição dos representantes da Assembleia Nacional Constituinte foram abertos sem problemas.
Esperança e amor
Maduro reiterou o pedido para que os cidadãos votem com “fé, esperança e amor” para “buscar a reconciliação, a justiça, a verdade e superar os problemas que temos”.
A oposição, que não participa do processo por considerá-lo fraudulento, convocou seus simpatizantes para bloquear as ruas de cidades dos 23 estados da Venezuela. A maior concentração vai ocorrer na estrada Francisco Fajardo, principal via de Caracas.
“Peço a Deus todas as bênçãos para que o povo possa exercer livremente seu direito democrático”, afirmou hoje Maduro, citando o esquema montado pelo Conselho Nacional Eleitoral para enfrentar o que o órgão chama de “ameaça democrática”.
A Assembleia Nacional Constituinte é criticada por vários governos, que pediram a Maduro para suspender a eleição. Um dos principais pontos questionados é a falta de um referendo prévio para autorizar o processo, um requisito adotado em 1999, quando a atual Carta Magna da Venezuela foi redigida e sancionada.
Protestos e mortes
Pelo menos três pessoas morreram neste domingo em protestos contra a eleição em andamento de representantes para a Assembleia Nacional Constituinte, convocada pelo presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, apesar de grande oposição interna e da comunidade internacional.
Pelo Twitter, o deputado opositor e líder da Ação Democrática (AD), Henry Ramos Allup, afirmou que o “regime assassinou” a tiros durante a madrugada um secretário da juventude do partido durante um protesto em Cumaná, no estado de Sucre, no leste da Venezuela.
As duas outras vítimas são Marcel Pereira e Iraldo Gutiérrez, que, segundo vários deputados da oposição, foram assassinados por “coletivos” – grupos de defesa do chavismo – nas últimas horas em um protesto contra a Constituinte no estado de Mérida.
“Marcel Pereira e Iraldo Gutiérrez são as vítimas mortas deixadas pelos coletivos de @NicolasMaduro e @GobAlexisR em #Mérida. Assassinos!”, escreveu no Twitter o deputado Carlos Paparoni.
Caso as mortes sejam confirmadas pelo Ministério Público, o número oficial de mortes nos protestos subirá para 112.
(Com Agência Brasil e EFE)