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Líder sem-teto, Boulos é solto após quase dez horas na delegacia

Ele foi detido de manhã durante reintegração de posse de terreno na Zona Leste paulistana acusado de desobediência e incitação à violência, o que ele nega

Por Da Redação
Atualizado em 17 jan 2017, 21h42 - Publicado em 17 jan 2017, 20h35

O coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, foi liberado às 19h15 desta quinta-feira após passar cerca de dez horas detido no 49º Distrito Policial, em São Mateus, na Zona Leste da capital paulista. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, ele foi detido sob acusação de desobediência, incitação à violência e por ter lançado rojões contra a Polícia Militar – o que ele nega – durante a reintegração de posse de um terreno particular onde moravam 700 famílias.

Na saída da delegacia, Boulos foi recebido por integrantes do movimento e contestou a prisão, alegando ser arbitrária e de cunho político. “Fui lá negociar para evitar que houvesse a reintegração. Foi uma prisão evidentemente política”, disse.

Ele relatou que se apresentou como mediador a pedido dos integrantes da Ocupação Colonial, que não é organizada pelo MTST, e se disse surpreso com as acusações. “Estou surpreso com a criatividade da assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança, ou do secretário, de quem quer que seja que publicou uma asneira dessas”, disse.

Boulos disse ainda que, no momento em que foi detido, o policial citou como um dos motivos outras manifestações feitas pelo movimento, entre elas um protestoem maio do ano passado, em Pinheiros, na Zona Oeste, em frente à casa do presidente Michel Temer (PMDB).

Do lado de fora da delegacia, integrantes do MTST e simpatizantes passaram o dia aguardando a liberação de Boulos. Entre eles, estavam o vereador Eduardo Suplicy (PT) e o padre Júlio Lancelotti, coordenador da Pastoral do Povo de Rua.

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“Eu tenho a convicção de que todo o procedimento do Guilherme Boulos foi estar solidário às famílias muito carentes que, com dificuldade de moradia, há mais de um ano e meio estavam nessa área que não era utilizada há mais de 20 anos”, disse Suplicy, que acompanhou os depoimentos dos policiais militares sobre o caso.

A Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara dos Deputados também emitiu nota criticando a prisão. “As ocupações de terrenos urbanos e rurais para fins de satisfação das necessidades básicas de alimentação e moradia tampouco é um ilícito. Trata-se de efetivação do disposto no artigo 3º da Constituição, que estabelece como objetivo da República construir uma sociedade livre, justa e solidária. Trata-se, ainda, de buscar efetivar a função social da propriedade e os direitos garantidos nas normas jurídicas nacionais e internacionais”.

Reintegração

No início da manhã, a PM  foi à área invadida para cumprir determinação judicial de reintegração de posse. Para evitar a entrada dos policiais, os sem-teto ergueram barricadas, com entulho e pneus, e lançaram pedras contra os veículos blindados da Tropa de Choque. A polícia usou gás de pimenta e bombas de gás lacrimogêneo na ação.

Após a operação policial, uma retroescavadeira demoliu as casas de alvenaria e madeira onde viviam as famílias. O terreno particular estava ocupado há um ano e meio.

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Segundo a Secretaria de Segurança Pública, um policial militar ficou ferido e duas viaturas do Batalhão de Choque foram atingidas. “Após tentativa de negociação dos oficiais com as famílias, sem acordo, os moradores resistiram hostilizando os PMs, arremessando pedras, tijolos, rojões e montando três barricadas com fogo”, diz o comunicado da secretaria.

A Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social não informou para onde os moradores foram levados.

(Com Estadão Conteúdo)

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