‘Lamentável incidente’, diz ministro da Defesa sobre morte de músico no RJ
Carro que levava Evaldo Rosa e sua família foi atingido por 80 tiros de militares do Exército no domingo; Rosa foi baleado três vezes e morreu
O ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, classificou nesta quarta-feira, 10, como “lamentável e triste incidente” a ação de militares no Rio de Janeiro que teve ao menos 80 disparos de fuzil contra um veículo onde estava uma família, no domingo 7. O músico Evaldo Rosa dos Santos, de 46 anos, foi atingido por três tiros e morreu. Além de Rosa, também estavam no carro a mulher dele, o filho de 7 anos do casal, o sogro do músico e uma amiga da família. O grupo estava indo a um chá de bebê. Dois sargentos e oito soldados do Exército foram presos e outros dois militares envolvidos não foram detidos.
“Lamentável incidente. Foi um incidente, vamos apurar e cortar na própria carne”, disse o ministro durante audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados. “Lamentável, triste, mas fato isolado em relação às ações (em) que os miliares atuam”, avaliou Azevedo e Silva.
O ministro afirmou ainda que o presidente Jair Bolsonaro mandou apurar “o que tem que ser apurado” sobre a conduta dos militares.
O veículo dirigido por Evaldo Rosa transitava por uma rua de Guadalupe, na zona norte do Rio, quando supostamente foi confundido com um automóvel em que estariam criminosos e alvejado 80 vezes. O músico morreu no local e duas pessoas ficaram feridas. O sogro, Sérgio Gonçalves de Araújo, foi baleado nas costas e no glúteo. Os disparos atingiram também um homem que tentava socorrer a família.
Segundo a viúva do músico, Luciana Nogueira, não houve confronto e os tiros começaram assim que o carro da família entrou na rua.
Rosa foi sepultado nesta quarta-feira, 10, no Rio, em clima de forte comoção. Familiares e amigos pediram justiça durante a cerimônia de sepultamento.
Segundo o ministro da Defesa, ao redor da guarnição no bairro Marechal Deodoro, há células de tráfico, milícias e organizações criminosas que ameaçam a população local. “Houve [na ocasião] troca [de tiros] muito forte em uma vila residencial nas proximidades. Na volta, teve esse incidente envolvendo uma patrulha”, disse. “Ao que parece, eles [os militares] não seguiram as normas regulamentares de engajamento e, por isso, já estão presos”.
(com Estadão Conteúdo e Agência Brasil)