A juíza Rosângela Rodrigues dos Santos, da Justiça em Abadiânia (GO), recebeu denúncia contra o médium João de Deus pelos crimes de estupro de vulnerável (envolvendo menores de idade) e violação sexual mediante fraude. Em dezembro, o Ministério Público de Goiás acusou o médium de praticar os crimes contra quatro vítimas durante atendimentos no ano passado. O processo corre em sigilo.
A denúncia, a primeira desde o início das acusações de assédio contra o médium, inclui relatos de dezenove mulheres. O advogado Alberto Toron afirmou a VEJA que ainda não foi notificado. “É importante esclarecer que se trata de uma decisão provisória, sujeita à confirmação após a apresentação da Resposta à acusação. Estamos serenos e confiamos na justiça”, disse.
João de Deus está preso desde 16 de dezembro sob a acusação de violação sexual mediante fraude e de estupro de vulnerável, crime que teria sido praticado contra centenas de mulheres. O MP-GO, que formou uma força-tarefa para cuidar do caso, recebeu mais de 330 relatos de abuso sexual.
Porém, em cinco casos o MP entendeu que há necessidade de diligências complementares, e nos outros dez, os fatos relatados prescreveram ou decaíram, de acordo com a promotora Gabriella de Queiroz, que integra a força-tarefa do “caso de Abadiânia”, em referência à cidade onde João de Deus mantinha seu centro espiritual. Os quatro casos restantes foram apresentados à Justiça.
Segundo a promotora, o MP-GO levou em conta evidências apresentadas pelas acusadoras, como comprovantes de que estiveram no local nas datas alegadas e foram atendidas pessoalmente pelo médium, bem como depoimentos de pessoas próximas e até psicólogos, para quem os fatos teriam sido confidenciados ao longo dos últimos anos.
Outro elemento é a conexão entre os relatos, que repetem modelos de atuação. Gabriella de Queiroz afirmou que o órgão considerou as alegações de defesa de João de Deus “não verossímeis”.
Armas
João de Deus também é alvo de inquérito aberto pela Polícia Civil de Goiás para investigar crime de posse ilegal de arma após cinco armas terem sido encontradas durante ações de busca e apreensão em sua residência, em Abadiânia (GO), cidade onde fazia os atendimentos espirituais. Um revólver com a numeração raspada e munições, incluindo estrangeiras e uma exclusiva para uso militar, foram localizados no local.
No dia 21 de dezembro, o juiz Liciomar Fernandes da Silva, do TJ-GO, decretou um segundo pedido de prisão preventiva contra João de Deus por posse ilegal de armas. A ordem foi revogada pelo magistrado substituto Wilson Safatle Faiad, que concedeu habeas corpus e garantiu ao médium a prisão domiciliar desde que não lhe pese nenhuma outra acusação para mantê-lo na cadeia. O Ministério Público recorreu.
(com Estadão Conteúdo)