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João de Deus aparece pela 1ª vez em Abadiânia após denúncias de abuso

Médium deixou o centro Dom Inácio de Loyola sem dar entrevistas, mas afirmou que é inocente

Por Estadão Conteúdo Atualizado em 12 dez 2018, 14h45 - Publicado em 12 dez 2018, 11h38
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  • Foram dez minutos de tumulto e gritaria. Assim que desembarcou em um Ford Ka branco, João de Deus foi cercado por seus funcionários, fez uma visita de menos de dez minutos à sala de atendimento e retornou. Jornalistas acompanharam o trajeto, mas foram impedidos de se aproximar do médium, que fez a primeira visita ao centro Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia (GO), depois de ser acusado de abuso sexual por mulheres que buscaram a casa em busca de tratamento espiritual.

    No trajeto, funcionários gritavam: “Respeitem! Ele vai falar.” A promessa, no entanto, não se concretizou. Apesar do amplo espaço, não foi providenciado um local para a entrevista. O médium saiu sem falar com a imprensa, mas disse, entre um grito e outro de seus funcionários, que cumpria uma missão dada há sessenta anos. E afirmou: “Eu sou inocente”.

    Na confusão, voluntários chegaram a agredir jornalistas. A chegada no centro ocorreu por volta das 9h20 desta quarta-feira 12, um horário pouco usual. João de Deus, cujo nome de batismo é João de Faria, horas antes havia desembarcado no aeroporto de Anápolis de um voo procedente de São Paulo.

    Essa foi a primeira aparição pública do médium, depois que mulheres vieram a público acusá-lo de abuso sexual. Passados cinco dias das primeiras denúncias, mais de duas centenas de mulheres procuraram o Ministério Público para fazer relatos semelhantes. Pelo menos quatro inquéritos já foram abertos.

    As denúncias afetaram o movimento da casa, onde atendimentos são realizados. Por volta das 8h30, cerca de 400 pessoas – incluindo crianças e duas pessoas de cadeira de rodas – aguardavam a chegada do líder espiritual. Isso representa um terço do movimento habitual.

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    Chico Lobo, um dos funcionários da casa, afirmou que três ônibus – de São Paulo, Rio Grande do Sul e Minas – chegaram à cidade. “É menos que o de costume. Mas há também o impacto da proximidade das festas. Nesta época, tradicionalmente o movimento cai”, disse.

    Funcionários e voluntários da casa começaram a chegar na casa Dom Inácio de Loyola mais cedo. “Sabíamos que seríamos necessários aqui. Ele sempre esteve presente com seu amor, agora estamos prontos para defendê-lo”, disse Jacilda Oliveira Soares, que desde 1985 frequenta a casa. Há alguns anos, ela se dedica a organizar as filas de atendimento.

    Primeiro, ingressam fiéis escolhidos pelo médium para formar a corrente de oração. Eles ocupam uma sala próxima na qual o líder costuma atender e ficam concentrados durante todo atendimento. Para enfrentar as longas horas, muitos trazem travesseiros ou uma almofada especial, dobrável, para proteger as costas e o quadril.

    Essas pessoas já estão posicionadas. São cerca de 200. Outras 200, a maioria usando roupas brancas, estão sentadas em cadeiras situadas num pátio coberto, aguardando atendimento. As pessoas são chamadas em grupos, de acordo com a frequência que vem à casa. De acordo com funcionários,mesmo sem a presença de João de Deus, os trabalhos podem ser realizados. “Onde ele estiver, a energia dele estará aqui”, diz Jacilda.

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