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João Bosco diz que PF trai sua música ao utilizá-la em operação

Em nota, músico crítica ação na UFMG, batizada de ‘Esperança Equilibrista’, e vê 'violência à cidadania' na condução coercitiva de reitor da instituição

Por Da Redação
Atualizado em 4 jun 2024, 17h29 - Publicado em 7 dez 2017, 16h51
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  • O uso de trecho da música O Bêbado e a Equilibrista pela Polícia Federal para batizar a Operação Esperança Equilibrista, que investiga irregularidades na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), revoltou um dos autores da canção, o cantor e compositor João Bosco – o outro autor é Aldir Blanc. Em nota divulgada na tarde desta quinta-feira, o músico criticou a ação policial na universidade e se disse indignado com o uso da obra para nomear a operação.

    “A operação da PF me toca de modo mais direto, pois foi batizada de Esperança Equilibrista, em alusão à canção que Aldir Blanc e eu fizemos em honra a todos os que lutaram contra a ditadura brasileira. Essa canção foi e permanece sendo, na memória coletiva do país, um hino à liberdade e à luta pela retomada do processo democrático. Não autorizo, politicamente, o uso dessa canção por quem trai seu desejo fundamental”, afirmou.

    João Bosco criticou a operação na UFMG, que envolveu a condução coercitiva do reitor, Jaime Arturo Ramirez, da vice-reitora, Sandra Almeida, e de outros três professores. O caso envolve suspeitas de desvios de cerca de 4 milhões de reais destinados à construção do Memorial da Anistia Política na instituição.

    Veja a letra de “O Bêbado e o Equilibrista”:

    Caía a tarde feito um viaduto
    E um bêbado trajando luto me lembrou Carlitos
    A lua, tal qual a dona de um bordel
    Pedia a cada estrela fria um brilho de aluguel
    E nuvens, lá no mata-borrão do céu
    Chupavam manchas torturadas, que sufoco
    Louco, o bêbado com chapéu-côco
    Fazia irreverências mil pra noite do Brasil, meu Brasil
    Que sonha com a volta do irmão do Henfil
    Com tanta gente que partiu num rabo-de-foguete
    Chora a nossa pátria, mãe gentil
    Choram Marias e Clarices no solo do Brasil
    Mas sei, que uma dor assim pungente
    Não há de ser inutilmente, a esperança
    Dança na corda bamba de sombrinha
    E em cada passo dessa linha pode se machucar
    Azar, a esperança equilibrista
    Sabe que o show de todo artista tem que continuar

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    O músico disse ter informações de que os docentes não foram intimados previamente a depor, pré-condição para uma condução coercitiva, e que tiveram restringidos seus direitos de acesso a informações e ao próprio processo . “O conjunto dessas medidas fere os princípios elementares do devido processo legal. É uma violência à cidadania”, criticou.

    João Bosco também aproveitou para fazer uma defesa das universidades públicas, afirmando que “há indícios” que fazem com que ele acredite que a operação da PF é “um ato de ataque” ao ensino. Ele comparou o que ocorreu na UFMG com a situação de calamidade financeira da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), que ficou longos períodos sem aulas e com atrasos no pagamento de salários e bolsas de pesquisa, para atestar a necessidade de “defesa veemente” das universidades. “É essa a esperança equilibrista que tem que continuar”, concluiu.

    João Bosco
    (Reprodução/Facebook/Reprodução)

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