A falta de políticas públicas e iniciativas para melhorar o estado de conservação do Pantanal é confirmado a cada novo estudo sobre a região. Recentemente o MapBiomas, instituto especializado no monitoramento da fauna e da flora brasileira, mostrou que o desmatamento no Pantanal cresceu 54% nos últimos cinco anos.
Somado a isso, há a mudança climática provocada pelo aquecimento de 1,1°C na temperatura do planeta, que colaborou com a seca e a consequente diminuição de áreas alagadas tão importantes para a conhecida diversidade do bioma, que é a maior área úmida continental do mundo. Tudo isso resultou em um problema emergencial preocupante: o bioma já registra o maior número de queimadas dos últimos 24 anos para um mês típico de junho.
A cada foco apagado fica um rastro de destruição a mais para as cicatrizes do sistema. O que se vê por ali é vegetação verde e solos carbonizados, carcaças de jacarés torrados, entre vários tipos de répteis, que já estavam em sofrimento pela falta de água, mas morrem mesmo nos incêndios. Os inúmeros focos de queimadas que se alastram no Pantanal são um problema desde o início do ano.
“Duas cidades de SP”
O Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (Lasa) da Universidade Federal do Rio de Janeiro já havia dado o alerta da gravidade da situação, ao detectar que as áreas devastadas pelo fogo, nos cinco primeiros meses de 2024, somam 332 mil hectares, o equivalente a mais de duas vezes a área da cidade de São Paulo. O total das regiões afetadas é 34% maior do que o registrado em 2020, data do maior incêndio da história da região. Nessa época, o bioma registrou aumento de 248% de queimadas.