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Guerra entre Marcelo e Emílio Odebrecht expõe delações super premiadas

O ex-presidente Lula tenta anular a sua condenação com base numa tabela de remuneração dos colaboradores da empreiteira

Por Thiago Bronzatto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 11 jul 2020, 15h41 - Publicado em 11 jul 2020, 15h24
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  • Nos últimos meses, Emílio Odebrecht e seu filho Marcelo vêm travando uma batalha judicial que tem como origem uma montanha de dinheiro. O patriarca alega que o seu filho utilizou o seu acordo com a Operação Lava Jato para engordar a própria conta bancária. Já o jovem empresário afirma que o seu pai quer asfixiá-lo financeiramente. Em meio a essa disputa, que se estendeu pelos tribunais, foi exposta uma tabela com registros de pagamentos de meio bilhão de reais em indenizações para Marcelo e outros 77 executivos da empreiteira que toparam colaborar com a Justiça.

    O documento, anexado aos processos judiciais entre Marcelo e a Odebrecht, revela que ex-funcionários da empreiteira foram recompensados com uma indenização após fecharem uma delação premiada com o Ministério Público Federal e serem desligados da companhia. Os pagamentos mensais somados à assistência médica e à cobertura de segura de vida foram aprovados pelo conselho de administração do grupo. Um ex-diretor, por exemplo, ganhou o direito a uma mesada de 134.298 reais ao longo de dez anos. Uma ex-secretária deve receber até 2021 uma remuneração mensal de 26.039 reais. Além disso, todas as multas com a Justiça foram assumidas pela empreiteira.

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    Marcelo, sozinho, levou a maior parte da bolada. Ao todo, ele foi contemplado com 268 milhões de reais, sendo 73 milhões para quitar a multa judicial, 143 milhões de reais a título de compensação e mais 52 milhões de reais em bônus por serviços prestados como presidente da empreiteira no período de 2013 a 2015.

    Odebrecht1.pdf
    DELAÇÃO DE 500 MILHÕES - A tabela mostra o valor das indenizações pagas a Marcelo Odebrecht e a outros 77 executivos da empresa que aceitaram assinar o acordo de colaboração premiada com a Justiça que enredou doze governadores, 61 parlamentares e três ex-presidentes da República — Temer, Dilma e Lula. (//Reprodução)
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    Com esses dados expostos à Justiça, o ex-presidente Lula decidiu contestar a validade da delação premiada da Odebrecht. Condenado pela segunda vez por corrupção e lavagem de dinheiro, Lula pediu ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região a apuração das acusações feitas na guerra dos Odebrecht. Segundo o ex-presidente, as “delações tomadas como verdade absoluta foram negociadas e calibradas de acordo com recompensa paga”, o que fere o pressuposto de voluntariedade dos acordos. “A venda de delações é cristalina”, afirma a defesa de Lula.

    A remuneração dos delatores da Odebrecht acabou sendo discutida até mesmo no processo de recuperação judicial da empresa. Um dos credores afirma que a companhia “fabricou bônus retroativos com o intuito de ludibriar o MPF (Ministério Público Federal)”, que proíbe tal prática. Esses recursos teriam, portanto, contribuído com a derrocada da empresa, que hoje tem uma dívida superior a 50 bilhões de reais.

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