Escutas telefônicas captadas pela Polícia Federal apontam indícios de que o Primeiro Comando da Capital (PCC) tem como uma de suas fontes de renda o contrabando de viagra, além do tráfico de drogas e o jogo do bicho.
Um preso não identificado discute com outro sobre um suposto carregamento de 5.000 pílulas em abril deste ano. “Nois comprou cinco mil Pramil aí dentro do Estado, até hoje nóis não injetou um Pramil, entendeu, meu? Um comprimido foi ejetado dentro de uma unidade. (…) A importância que é, tá ligado, cara, cada 10 reais que é revertido do comprimido”, diz ele.
Em outro grampo, um detento identificado como Facínora comenta sobre a possibilidade de arranjar uma “transportadora aí que fecha uns Pramil com nós”. “Até dois real nós paga um pelo outro”, diz. Antes disso, ele pede uma remessa de haxixe a ser enviada para dentro da cadeia. “Deixa eu falar para você: troca uma ideia com a disciplina aí. Se aparecer algum daquele, umas cinquenta gramas de haxixe, até 1.300 real aí para o comando, para a financeira aí… a fim de distribuir nos padrão”.
O Pramil, conhecido como “viagra paraguaio” devido à sua fabricação em larga escala no país vizinho, se tornou uma moeda de troca importante no sistema prisional brasileiro, onde não circula notas de dinheiro. Em 9 de junho, agentes penitenciários flagraram uma mulher tentando levar 993 comprimidos para dentro da Penitenciária de Presidente Venceslau, no interior de São Paulo – o presídio é um conhecido abrigo de lideranças do PCC.
Os grampos contam em relatório da Operação Cravada, deflagrada pela PF em 6 de agosto que desmantelou um núcleo financeiro da facção criminosa que atuava de dentro de presídios do Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul.