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Gramado reabre restaurantes e hotéis, mas falta combinar com os turistas

Um dos grandes polos de turismo do país volta à ativa depois de quase dois meses de quarentena. Ainda em marcha lenta, no entanto

Por Marcelo Aramis
Atualizado em 22 Maio 2020, 11h56 - Publicado em 22 Maio 2020, 06h00

Após quase dois meses de quarentena, abriram-se em maio as portas dos hotéis da “Suíça brasileira”, como ficou conhecida a cidade de Gramado, naquelas hipérboles tão caras ao marketing turístico (a original europeia entrou no fim de abril para o clube de países que começaram a relaxar o isolamento). Um dos principais polos turísticos nacionais e no time de pioneiros a tentar a reabertura, o município da Serra Gaúcha tem quase 90% de sua economia atrelada ao movimento dos visitantes, e a retomada representa uma esperança de recuperar pelo menos uma parte dos significativos prejuízos acumulados com a pandemia. Na última sexta, 15, mesmo com o clima frio convidativo para uma fondue, o cenário por lá não parecia muito diferente do que se via no período fechado, com poucas pessoas circulando nas ruas. Durante o dia, filas apenas em postos de serviços como as agências de correios. À noite, restaurantes com luzes e velas acesas para jantares quase exclusivos, não por causa do distanciamento, mas pela baixa demanda.

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A mesma doença que afastou o movimento de Gramado não gerou até agora grandes estragos sanitários na cidade de 36 000 habitantes. Até a terça passada, 19, o município contabilizava sete casos de coronavírus (cinco deles já curados) e nenhuma morte. Mesmo dentro desse contexto de baixa contaminação, a tentativa de trazer de volta os turistas é uma iniciativa delicada, pois pode provocar o efeito colateral da disseminação do vírus pela chegada dos “forasteiros”. Por isso a reabertura ocorre mediante alguns cuidados, que servem também para garantir aos visitantes que encontrarão por lá um ambiente seguro. Quem se hospedar em um dos hotéis mais sofisticados da cidade, o Saint Andrews, cuja arquitetura é uma réplica do castelo homônimo da Escócia, encontrará um “novo normal” com rigorosos protocolos de segurança e higiene. No check-in do endereço, com diária a partir de 1 600 reais, acompanhados dos mordomos, os hóspedes fazem uma visita e conhecem as normas vigentes. As refeições são servidas nas suítes ou pré-agendadas no restaurante, para que possam ser individuais. A limpeza conta com a ajuda de um superaspirador alemão, e as faxineiras gastam cerca de uma hora em cada suíte para a desinfecção de pisos, tapetes e cortinas. Dos dezenove quartos, apenas dez estão liberados. “Passamos por diversas crises no Brasil, mas nada assim”, afirma Guilherme Paulus, proprietário do Saint Andrews. Na rede Laghetto, com treze hotéis na Serra Gaúcha, o serviço de manobrista foi interrompido e a tradicional fartura dos bufês de café da manhã acabou sendo substituída pelo serviço à la carte.

CUIDADOS - O luxuoso Saint Andrews, com diária a partir de 1 600 reais: superaspirador alemão usado na limpeza dos quartos e refeições servidas apenas nas suítes ou pré-agendadas no restaurante (André Feltes/.)

Nesse novo cenário, Gramado precisa inverter a lógica de mercado. A hora é de motivar o turista, em vez de esperar a demanda quase automática da alta temporada. No lugar de diárias turbinadas, como é comum na estação mais fria, que costumava atrair 1,5 milhão de visitantes por mês, começaram a surgir promoções. Exemplo disso é a Laghetto, que reduziu entre 20% e 30% o preço das estadias. A expectativa é atrair um movimento mínimo, suficiente para manter os negócios em funcionamento. Nos últimos meses, ocorreram em Gramado cerca de 1 000 demissões e 1 600 contratos foram suspensos ou enquadrados na redução de salário. O montante de desligamentos equivale a quase 60% da força de trabalho de bares, restaurantes e hotéis.

Boa parte dos cortes se deu nos endereços gastronômicos. O Pastasciutta, por exemplo, eliminou mais da metade de seu quadro de colaboradores. Entre as duas unidades (uma cantina e um bistrô), os atuais 36 empregados se revezam em um horário de expediente reduzido, de forma a concentrar o atendimento em oito horas, para almoço e jantar. Aberto desde o dia 17 de abril, quando o município flexibilizou a quarentena para os restaurantes, o Pastasciutta oferece 69 dos seus 230 lugares de antes da pandemia. Só no quarto fim de semana após a retomada as unidades conseguiram se aproximar dos 80% de ocupação de sua nova capacidade máxima. “O retorno do cliente é gradativo”, afirma Angelita Ecker, proprietária do negócio. Sinal dos tempos: antes de consultarem o menu, os clientes acompanham da recepção o processo de higienização das mesas, cadeiras, louças e talheres.

Publicado em VEJA de 27 de maio de 2020, edição nº 2688

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