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Governo do Rio cancela contrato suspeito com estudante de 19 anos

VEJA denunciou empresa que não entregou 300 aparelhos respiradores para pacientes infectados por coronavírus

Por Thiago Bronzatto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 17 Maio 2020, 18h34 - Publicado em 17 Maio 2020, 17h41

O governo do Rio de Janeiro decidiu rescindir um contrato milionário assinado durante a crise do coronavírus com uma empresa de um estudante de 19 anos de idade. Em abril, VEJA revelou que, sem licitação, a secretaria de saúde do estado encomendou por 56,2 milhões de reais 300 aparelhos respiradores para pacientes infectados em estado grave. Até hoje, esses equipamentos não foram entregues.

Após a denúncia vir à tona, o Ministério Público estadual deflagrou uma operação para apurar suspeitas de fraudes em compras de respiradores feitas pelo governo do Rio de Janeiro. Entre os alvos da investigação, estavam o ex-subsecretário-executivo Gabriel Neves, preso na semana passada, e a MHS Produtos e Serviços, uma pequena empresa controlada por Guilherme Sismil Guerra, um jovem de 19 anos que mora fora do Brasil e ocupa o seu tempo administrando um podcast na internet.

Ao entrar em contato com a MHS no fim de abril, VEJA descobriu que a empresa nunca havia atuado no setor de saúde e que, na verdade, pertencia a Glauco Oliveira, pai de Guilherme e ex-auditor da Receita Federal. O servidor aposentado admitiu que sempre foi o responsável pelo negócio, mesmo não fazendo parte oficialmente da sociedade. Além disso, reconheceu que houve certo “descontrole” do governo do Rio durante a pandemia, que o estado “não tinha planejamento efetivo” e que contratou os respiradores “meio a toque de caixa”. O ex-auditor  também foi alvo da operação do Ministério Público. Ele estava foragido, mas foi localizado e preso pela Polícia Federal em Belém.

Além da MHS, outras empresas que fecharam contratos milionários com o governo do Rio durante a pandemia estão na mira de investigações. Na semana passada, a Polícia Federal deflagrou a Operação Favorito para apurar suspeita de corrupção em negócios que totalizam 700 milhões de reais.

Após esses escândalos virem à tona, o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), decidiu exonerar o secretário estadual de Saúde, Edmar Santos, conforme VEJA antecipou.

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